Morreu na segunda, 12, em Juazeiro do Norte (CE) o músico Antonio José Lourenço da Silva, o Mestre Antonio Aniceto, aos 82 anos. Era o mais velho integrante da Banda Cabaçal dos Irmãos Aniceto, uma das mais antigas formações musicais do País – foi fundada ainda no século 19 pelo patriarca José Lourenço da Silva, o Aniceto, e vem sendo mantida como uma irmandade desde então.
Em 2007, a banda dos Irmãos Aniceto recebeu a Ordem do Mérito Cultural do Ministério da Cultura (no mesmo ano em que Oscar Niemeyer recebeu a Grã-cruz do Mérito Cultural). Tocaram em um espetáculo de Ivaldo Bertazzo, em 2005, e foram uma das atrações escaladas pelo Brasil para representar o País no Ano do Brasil na França, tocando na Cité de la Musique para milhares de pessoas. Também foram atração do Festival de Jazz & Blues de Guaramiranga, no Ceará.
Uma das primeiras obras de Antonio Nóbrega, o instrumental Ponteio Acutilado, escrito para rabeca, foi composta por ele para o Quinteto Armorial sob inspiração de um toque da Banda Cabaçal dos Irmãos Aniceto. A denominação cabaçal decorre do fato de que os tambores eram confeccionados de pele de bode estirada sobre cabaças, como acontece ainda hoje.
Os irmãos Aniceto são da mesma região de onde vieram a poesia de Patativa do Assaré, o artesanato de Mestre Noza e das irmãs Cândido, e que é cenário de eventos populares únicos, como a Festa de Santo Antônio da Barbalha e o folguedo dos Caretas de Jardim. O Ministério da Cultura soltou uma nota de pesar pela morte de Mestre Antonio Aniceto. “Mestre Antonio dedicou sua vida para manter e transmitir a singular manifestação cultural que herdou de seus antepassados, revelada nas sonoridades e nos processos de construção de instrumentos musicais com origem no sertão cearense do século 19.”
O grupo, sustentado por instrumentos de sopro e percussão (como pífanos, zabumba, caixa e pratos de metal), tem suas composições inspiradas basicamente no trabalho cotidiano no campo e na observação da vida do sertão. Os músicos da banda, em geral composta por seis integrantes, tem ascendência dos índios cariris, que habitaram a região, e são todos eles agricultores do Crato (CE).
Mestre Aniceto sofrera um acidente vascular cerebral hemorrágico (AVC), agravado por insuficiência renal aguda, e estava internado desde o dia 24 de dezembro no Hospital Regional do Cariri, em Juazeiro do Norte. O velório foi na casa do músico, no Bairro Batateiras, no Crato; e o enterro estava previsto para ocorrer ontem, no Cemitério Público do Crato. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.