Mais de 500 servidores do Banco Central (BC) em postos de chefia já haviam entregado os cargos até esta terça-feira, 20, no primeiro dia das 48 horas de paralisação da categoria. O número representa cerca de 40% da cadeia de comando da instituição.
O movimento foi marcado pela manifestação conjunta de 43 chefes de unidade do órgão, que aproveitaram o começo da reunião do Comitê de Estabilidade Financeira (Comef) – com participação de todos os diretores do BC – para entregar uma carta pedindo mais esforços para a reestruturação da carreira.
A entrega de cargos é uma forma de pressão dos servidores, já que, sem ter quem exerça papéis-chave na instituição, são maiores as chances de atrasos em entregas e divulgações.
"A crise que atinge o Banco Central nos últimos anos tem se aprofundado. Às restrições orçamentárias, que dificultam a realização dos processos de trabalho e o desenvolvimento de projetos, se somam a constante redução do quadro de pessoal e o desalinhamento remuneratório crescente em relação a outras carreiras de Estado de papel estratégico para o País", diz a carta.
"Tais fatores têm levado à deterioração aguda e sem precedentes do clima organizacional, que já tem impactos observáveis e ameaça seriamente a condução dos processos de trabalho. Nesse contexto, são crescentes os riscos para o cumprimento da missão institucional do Banco Central, inclusive para a execução de serviços críticos ao regular funcionamento da economia", completa o documento.
Segundo apurou o <i>Estadão/Broadcast</i> (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado), o pedido é para que os diretores do BC apresentem a carta na Mesa Específica de Negociação da categoria com o governo, que se reúne na tarde desta quarta-feira, 21. Os chefes de unidade afirmam que seguirão mobilizados e ameaçaram partir para "próximos passos", o que pode significar paralisações ainda mais extensas nos trabalhos da autarquia.
No dia 9 de fevereiro, os funcionários do BC rejeitaram a contraproposta do Ministério da Gestão e Inovação em Serviços Públicos, na Mesa Específica de Negociação da categoria. O governo ofereceu reajuste salarial de 13%, parcelado para 2025 e 2026.
Os servidores pedem reestruturação da carreira. Além do bônus por produtividade, os funcionários querem exigência de ensino superior para o cargo de técnico na autarquia e a alteração de nomenclatura do cargo de analista para auditor.
O Banco Central afirmou em nota, também no dia 9, que reconhece o mérito das reivindicações e o direito dos servidores de promoverem manifestações organizadas. O órgão garantiu que "o movimento não tem afetado o funcionamento dos sistemas críticos para a população, os mercados e as operações das instituições reguladas" e ainda disse confiar "na histórica dedicação, qualidade e responsabilidade dos servidores e de seu compromisso com a instituição e com a sociedade".
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>