Estadão

Servidores temiam ficar sozinhos com procurador que espancou procuradora-chefe

Antes de espancar a procuradora-geral de Registro, no Vale do Ribeira, Gabriela Samadello Monteiro de Barros, o também procurador municipal Demétrius Oliveira de Macedo vinha mostrando um comportamento violento no trabalho. Ele foi preso preventivamente após as agressões.

Mensagens trocadas entre Gabriela e a agente administrativa Thainan Maria Tanaka, que também trabalha na Secretaria Municipal de Negócios Jurídicos e Segurança Pública, indicam que os funcionários do setor tinham medo do procurador. Segundo as conversas, reveladas pelo <i>G1</i>, os servidores evitavam ficar sozinhos com Macedo.

"Se não tiver ninguém na fala, a gente sai. E também para sempre ter testemunhas das coisas", sugere a procuradora-chefe. "Ficar depois do horário é perigoso também", acrescenta Thainan.

Em outro trecho, as duas relatam "ansiedade" e "pesadelos". "Hoje estou bem ansiosa. Eu estava com tremedeira", conta Gabriela.

As mensagens foram trocadas entre os dias 27 e 30 de maio. As agressões contra Gabriela ocorreram na segunda-feira, 20, após a abertura de um processo disciplinar contra o procurador motivado pela agressividade contra os colegas.

O episódio foi registrado em vídeo. Após derrubar Gabriela, ele dá socos e pontapés na procuradora, a quem é subordinado. Também a chama de "vagabunda" e "puta". Outras duas servidoras tentam conter Macedo. Uma delas é empurrada com violência contra uma porta fechada. A outra arrasta Gabriela para tentar afastá-la do agressor. O procurador só foi contido após a intervenção de outros funcionários que ouviram os gritos de socorro.

A procuradora registrou um boletim de ocorrência. Em um primeiro momento, o delegado Fernando Carvalho Gregório, do 1º Distrito Policial de Registro, não prendeu Macedo em flagrante. Com a repercussão do caso, a Polícia Civil pediu a prisão preventiva do procurador. Ele foi encontrado em um hospital psiquiátrico, em Itapecerica da Serra, na região metropolitana de São Paulo. O Ministério Público do Estado também entrou com uma denúncia contra o procurador municipal por tentativa de feminicídio.

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