O conjunto arquitetônico do Sesc Pompeia, na zona oeste de SP, tornou-se patrimônio cultural do Brasil. O tombamento foi aprovado em reunião ocorrida na tarde dessa quinta-feira, 5, na sede do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
Com isso, a capital paulista passa a ter 23 bens protegidos pelo Iphan. O Sesc Pompeia é a segunda obra da arquiteta ítalo-brasileira Lina Bo Bardi (1914-1992) a figurar no rol do patrimônio nacional – antes, o conjunto arquitetônico do Museu de Arte de São Paulo, o Masp, já estava protegido. De acordo com o arquiteto Renato Anelli, diretor do Instituto Lina Bo e P. M. Bardi e professor do Instituto de Arquitetura e Urbanismo da USP de São Carlos, a próxima obra de Lina que deve ser tombada é a Casa de Vidro, residência da família Bardi e hoje sede do instituto.
Na justificativa do Iphan, o Sesc Pompeia merece ser integrado à lista de bens tombados por “ser um marco da arquitetura brasileira e por seus valores técnicos e estéticos, em especial pelas intervenções em sua estrutura, desenvolvidas por Lina Bo Bardi”. Em nota, a instituição também afirma que o “complexo da Pompeia se tornou uma referência arquitetônica nacional e internacional e um dos mais importantes centros de convivência e de cultura da cidade”.
Anelli confirma. “É a obra de Lina mais reconhecida internacionalmente, ao lado do Masp. O Sesc Pompeia marca um período de redemocratização, em que o acolhimento público estava sendo muito valorizado.”
História
A arquiteta foi chamada para projetar um centro de lazer em um prédio antes ocupado pela antiga fábrica de tambores Pompeia. Como o espaço já era usado pela comunidade, isso norteou o processo de intervenção. “Lina optou por não demolir o preexistente, mas qualificá-lo”, analisa Anelli. “Com sua obra, há uma mudança de significado do espaço, que de trabalho passa a ser de lazer.”
“Assim numa cidade entulhada e ofendida, pode, de repente, surgir uma lasca de luz, um sopro de vento. E aí está, a Fábrica da Pompeia, com seus milhares de frequentadores. As filas da choperia, o Solarium-Índio do deck, o bloco esportivo, a alegria da fábrica destelhada que continua”, afirmou Lina, depois de concluída a obra. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.