Com uma queda de 31,4% nas vendas em janeiro em relação a dezembro, a indústria automotiva deve apresentar melhores resultados apenas no segundo semestre do ano, aponta previsão da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). “Todas as medidas de ajuste da política econômica estão sendo tomadas. São ajustes na situação fiscal do governo, o que deve melhorar o nível de confiança por parte do investidor. Quando se tem o retorno do nível de confiança, com certeza tem impacto no consumo”, avaliou Luiz Moan, presidente da associação.
Hoje (5), a entidade apresentou o balanço do setor no mês de janeiro. Foram comercializadas 253,8 mil unidades diante das 370 mil vendidas em dezembro. Em relação a janeiro de 2014, a queda é menor: houve recuo de 18,8%. Em relação à produção, os dados mostram um pequeno avanço de 0,4% na produção em relação a dezembro. Em números absolutos, foram produzidos 204 mil veículos no fim do ano passado e 204,8 mil neste ano. Na comparação com janeiro de 2014, houve redução de 13,7% na produção. Nos últimos 12 meses, a produção acumula queda de 14,9%.
Apesar de confiar nas mudanças econômicas propostas pelo governo, Moan credita a esses ajustes o resultado ruim de janeiro. “Embora nós apoiemos e entendamos essas medidas como necessárias para uma reorganização do nosso sistema econômico, infelizmente, no mês de janeiro sentimos esse impacto no crescimento. Já esperávamos que o primeiro trimestre apresentaria números bastante negativos”, avaliou o presidente da Anfavea. Ele destacou, como um cenário positivo, a paulatina retomada do crédito. O balanço da entidade mostra que a participação de veículos financiados aumentou de 63%, em dezembro, para 66%, em janeiro.
A Anfavea manteve as projeções de crescimento apresentadas anteriormente. Em relação às vendas, estima-se que o número de unidades comercializadas deve permanecer em cerca de 3,498 milhões, assim como ocorreu em 2014. No quesito produção, a associação aposta em uma alta de 4,1%. Para a venda e a produção de máquinas agrícolas e rodoviárias, a projeção também é de estabilidade. As exportações em ambos categorias devem ter crescimento de 1%, na avaliação da entidade.
Questionado se a expectativa de um primeiro semestre fraco trará problemas para a manutenção do emprego, Moan declarou que isso depende das decisões de cada montadora. Ele avalia, no entanto, que o esforço das filiadas é sempre pela manutenção dos funcionários. “Esses mecanismos de férias coletivas, banco de horas, licença remunerada são meios de proteção do emprego. As empresas trabalham dessa forma porque é um funcionário qualificado, fruto de investimentos vultosos das empresas”, declarou.
No início deste ano, Volkswagen anunciou a demissão de 800 funcionários. Após uma greve de dez dias da categoria e de reuniões mediadas pelo governo federal, os trabalhadores foram readmitidos.