Após o déficit de US$ 11,879 bilhões em janeiro, o resultado das transações correntes ficou negativo em fevereiro deste ano, em US$ 3,904 bilhões, informou nesta quarta-feira, 25, o Banco Central. Os dados já refletem, em parte, os efeitos do surto de coronavírus, que em fevereiro já atingia diversos países. A instituição projetava para o mês passado déficit de US$ 4,0 bilhões na conta corrente.
O déficit de US$ 3,904 bilhões de fevereiro é o pior resultado para o mês desde 2018, quando houve déficit de US$ 5,020 bilhões.
O número do mês passado ficou dentro do levantamento realizado pelo Projeções Broadcast, que tinha intervalo de déficit de US$ 4,600 bilhões a déficit de US$ 2,450 bilhões (mediana negativa de US$ 3,500 bilhões).
A balança comercial registrou saldo positivo de US$ 2,518 bilhões em fevereiro, enquanto a conta de serviços ficou negativa em US$ 2,594 bilhões. A conta de renda primária também ficou deficitária, em US$ 3,904 bilhões. No caso da conta financeira, o resultado ficou negativo em US$ 3,172 bilhões.
No acumulado do ano até fevereiro, o rombo nas contas externas soma US$ 15,784 bilhões. A estimativa atual do BC é de déficit em conta corrente de US$ 57,7 bilhões em 2020. Este valor, no entanto, ainda não leva em conta a pandemia de coronavírus. A atualização será feita na quinta-feira, dia 26, por meio do Relatório Trimestral de Inflação (RTI).
Nos 12 meses até fevereiro deste ano, o saldo das transações correntes está negativo em US$ 52,856 bilhões, o que representa 2,91% do Produto Interno Bruto (PIB).
<b>Lucros e dividendos</b>
A remessa de lucros e dividendos de companhias instaladas no Brasil para suas matrizes foi de US$ 2,545 bilhões em fevereiro, informou o Banco Central. A saída líquida representa um volume inferior aos US$ 2,711 bilhões que foram enviados em igual mês do ano passado, já descontados os ingressos.
No acumulado do ano até fevereiro, a saída líquida de recursos via remessa de lucros e dividendos alcançou US$ 5,330 bilhões. A expectativa do BC é de que a remessa de lucros e dividendos de 2020 some US$ 34,0 bilhões. Este valor, no entanto, ainda não leva em conta a epidemia do novo coronavírus.
O BC informou também que as despesas com juros externos somaram US$ 1,369 bilhão em fevereiro, ante US$ 1,012 bilhão em igual mês do ano passado.
No acumulado do ano até fevereiro, essas despesas alcançaram US$ 5,371 bilhões. Para este ano, o BC projeta pagamento de juros no valor de US$ 22,0 bilhões.
<b>Viagens internacionais</b>
Já sob os efeitos da pandemia de coronavírus na economia, a conta de viagens internacionais registrou déficit menor em fevereiro, de US$ 403 milhões, informou o Banco Central. O valor reflete a diferença entre o que os brasileiros gastaram lá fora e o que os estrangeiros desembolsaram no Brasil no período. Em fevereiro de 2019, o déficit nessa conta foi de US$ 760 milhões.
Na prática, com o dólar mais elevado e o receio das famílias em viajar para outros países, os gastos líquidos dos brasileiros no exterior caíram 46,97% em fevereiro deste ano. Vale lembrar que a pandemia de coronavírus ganhou corpo em março, quando se intensificaram as restrições de deslocamento entre países. A tendência é de que os dados de março, a serem divulgados apenas em abril, reflitam de forma ainda mais intensa os efeitos da pandemia sobre os gastos dos viajantes.
Em fevereiro, o desempenho da conta de viagens internacionais foi determinado por despesas de brasileiros no exterior, que somaram US$ 881 milhões. Já o gasto dos estrangeiros em passeio pelo Brasil ficou em US$ 478 milhões no mês passado.
No ano até fevereiro, o saldo líquido da conta de viagens ficou negativo em US$ 1,260 bilhão. Para 2020, o BC estimava um déficit de US$ 13,5 bilhões nesta conta. O porcentual, no entanto, ainda não leva em conta os efeitos da epidemia do novo coronavírus sobre a economia.
A atualização, como em outros dados, será feita na quinta-feira pelo BC, por meio do Relatório Trimestral de Inflação.
<b>Dívida externa</b>
A estimativa do Banco Central para a dívida externa brasileira em fevereiro é de US$ 327,008 bilhões. Segundo a instituição, o ano de 2019 terminou com uma dívida de US$ 322,985 bilhões.
A dívida externa de longo prazo atingiu US$ 244,995 bilhões em fevereiro, enquanto o estoque de curto prazo ficou em US$ 82,013 bilhões no fim do mês passado.