O resultado das transações correntes ficou negativo em maio deste ano, em US$ 3,506 bilhões, informou nesta sexta-feira, 26, o Banco Central. Este é pior desempenho para meses de maio desde 2014, quando o saldo foi negativo em US$ 6,691 bilhões. Em abril, o resultado foi superavitário em US$ 1,088 bilhão.
Apesar da nova atualização, as estatísticas do setor externo continuam defasadas devido à greve dos servidores do BC, encerrada no início de julho. Neste momento, normalmente, os dados de julho já estariam disponíveis.
O número da conta corrente em maio ficou dentro do levantamento realizado pelo Projeções Broadcast, que tinha intervalo de déficit de US$ 7,535 bilhões a superávit de US$ 5,900 bilhões (mediana negativa em US$ 2,000 bilhões).
Pela metodologia do Banco Central, a balança comercial registrou saldo positivo de US$ 3,446 bilhões em maio, enquanto a conta de serviços ficou negativa em US$ 2,376 bilhões. A conta de renda primária também ficou deficitária, em US$ 4,928 bilhões. No caso da conta financeira, o resultado ficou negativo em US$ 2,644 bilhões.
<b>Acumulados</b>
No acumulado do ano até maio, o rombo nas contas externas soma US$ 15, 541 bilhões. A estimativa atual do BC é de superávit na conta corrente de US$ 4 bilhões em 2022. A projeção foi atualizada no Relatório Trimestral de Inflação (RTI) de junho.
Nos 12 meses até maio deste ano, o saldo das transações correntes está negativo em US$ 32,855 bilhões, o que representa 1,89% do Produto Interno Bruto (PIB). Esse é o maior déficit em proporção do PIB desde novembro, quando ficou em 1,90%.
<b>Lucros e dividendos</b>
A rubrica de lucros e dividendos do balanço de pagamentos apresentou saldo negativo de US$ 4,209 bilhões em maio, informou o Banco Central. A saída líquida é superior aos US$ 2,032 bilhões que deixaram no Brasil em igual mês do ano passado, já descontadas as entradas.
No acumulado do ano até maio, houve saída líquida de recursos via remessa de lucros e dividendos, de US$ 17,609 bilhões.
O BC informou também que as despesas com juros externos somaram US$ 711 milhões em maio, ante US$ 1,458 bilhão em igual mês do ano passado. No acumulado do ano até maio, essas despesas alcançaram US$ 7,937 bilhões.
<b>Viagens internacionais</b>
A conta de viagens internacionais registrou déficit de US$ 718 milhões em maio, informou o Banco Central. O valor reflete a diferença entre o que os brasileiros gastaram lá fora e o que os estrangeiros desembolsaram no Brasil no período.
A rubrica de viagens internacionais tem voltado à normalidade após o forte impacto causado pelas restrições ligadas à pandemia de covid-19. No quinto mês de 2021, o déficit nessa conta foi de apenas US$ 139 milhões.
O desempenho da conta de viagens internacionais em maio foi determinado por despesas de brasileiros no exterior, que somaram US$ 1,092 bilhão. Já o gasto dos estrangeiros em viagem ao Brasil ficou em US$ 373 milhões no período.
No acumulado do ano até maio, o saldo líquido da conta de viagens ficou negativo em US$ 2,784 bilhões. No mesmo período do ano passado, o déficit nessa conta foi de US$ 443 milhões.