O resultado das transações correntes ficou negativo em setembro deste ano, em US$ 5,678 bilhões, informou nesta segunda-feira, 24, o Banco Central. Este é pior desempenho para meses de setembro desde 2014, quando o saldo foi deficitário em US$ 8,040 bilhões. Em agosto, o resultado foi negativo em US$ 5,426 bilhões.
O número da conta corrente em setembro ficou dentro do levantamento realizado pelo Projeções Broadcast, que tinha intervalo de déficit de US$ 7,000 bilhões a US$ 2,100 bilhões, mas abaixo da mediana negativa de US$ 3,000 bilhões.
Pela metodologia do Banco Central, a balança comercial registrou saldo positivo de US$ 2,356 bilhões em setembro, enquanto a conta de serviços ficou negativa em US$ 1,887 bilhão. A conta de renda primária também ficou deficitária, em US$ 6,534 bilhões. No caso da conta financeira, o resultado ficou negativo em US$ 7,977 bilhões.
<b>Acumulados</b>
No acumulado do ano até setembro, o rombo nas contas externas soma US$ 29,583 bilhões. A estimativa atual do BC é de déficit na conta corrente de US$ 47 bilhões em 2022. A projeção foi atualizada no Relatório Trimestral de Inflação (RTI) de setembro.
Nos 12 meses até setembro deste ano, o saldo das transações correntes está negativo em US$ 46,153 bilhões, o que representa 2,56% do Produto Interno Bruto (PIB). Esse é o maior déficit em proporção do PIB desde julho de 2020, quando ficou em 2,61%.
<b>Lucros e dividendos</b>
A rubrica de lucros e dividendos do balanço de pagamentos apresentou saldo negativo de US$ 5,326 bilhões em setembro, informou o Banco Central. A saída líquida é superior aos US$ 2,508 bilhões que deixaram no Brasil em igual mês do ano passado, já descontadas as entradas. No acumulado do ano até setembro, houve saída líquida de recursos via remessa de lucros e dividendos, de US$ 33,167 bilhões.
O BC informou também que as despesas com juros externos somaram US$ 1,225 bilhão em setembro, ante US$ 899 milhões em igual mês do ano passado. No acumulado do ano até o nono mês, essas despesas alcançaram US$ 14,505 bilhões.
<b>Viagens internacionais</b>
A conta de viagens internacionais registrou déficit de US$ 491 milhões em setembro, informou o BC. O valor reflete a diferença entre o que os brasileiros gastaram lá fora e o que os estrangeiros desembolsaram no Brasil no período. No nono mês do ano passado, o déficit nessa conta foi de US$ 237 milhões.
O desempenho da conta de viagens internacionais em setembro foi determinado por despesas de brasileiros no exterior, que somaram US$ 907 milhões. Já o gasto dos estrangeiros em viagem ao Brasil ficou em US$ 416 milhões no período.
No acumulado do ano até setembro, o saldo líquido da conta de viagens ficou negativo em US$ 5,363 bilhões. No mesmo período do ano passado, o déficit nessa conta foi de apenas US$ 1,326 bilhão, em meio aos impactos da pandemia de covid-19 sobre o fluxo mundial de viajantes.