Sob os efeitos da pandemia do novo coronavírus na economia, o setor público consolidado (Governo Central, Estados, municípios e estatais, com exceção de Petrobras e Eletrobras) apresentou déficit primário de R$ 94,303 bilhões em abril, informou nesta sexta-feira, 29, o Banco Central. Em março, havia sido registrado déficit de R$ 23,655 bilhões.
Esse é o pior resultado para todos os meses da série histórica do Banco Central, que tem início em dezembro de 2001. O maior déficit mensal até agora havia sido registrado em dezembro de 2015, de R$ 71,728 bilhões.
O resultado primário reflete a diferença entre receitas e despesas do setor público, antes do pagamento da dívida pública. Em função da pandemia, cujos efeitos econômicos se intensificaram em abril, o governo federal e os governos regionais passaram a enfrentar um cenário de forte retração das receitas e aumento dos gastos públicos.
O déficit primário consolidado do mês passado foi menor do que todas as estimativas captadas no mercado financeiro pelo Projeções Broadcast. Os analistas ouvidos projetavam déficit de R$ 150,0 bilhões a R$ 94,9 bilhões. A partir deste intervalo, a mediana estava negativa em R$ 97,6 bilhões.
<b>Composição</b>
O resultado fiscal de abril foi composto por um déficit de R$ 92,165 bilhões do Governo Central (Tesouro, Banco Central e INSS). Já os governos regionais (Estados e municípios) influenciaram o resultado negativamente com R$ 1,943 bilhão no mês. Enquanto os Estados registraram um déficit de R$ 1,332 bilhão, os municípios tiveram resultado negativo de R$ 611 milhões. As empresas estatais registraram déficit primário de R$ 195 milhões.
<b>Quadrimestre</b>
As contas do setor público acumularam um déficit primário de R$ 82,583 bilhões no primeiro quadrimestre de 2020, o equivalente a 3,50% do PIB, informou o Banco Central. Este resultado foi consequência do desempenho registrado nos quatro primeiros meses do ano, com os efeitos da pandemia do novo coronavírus na economia sendo sentidos a partir de meados de março.
Com o aumento de despesas públicas em função da pandemia, o Tesouro Nacional vem afirmando que o déficit primário do setor público consolidado poderá superar os R$ 700 bilhões em 2020. A meta original para este ano era de déficit de R$ 124 bilhões (1,6%) do PIB, mas ela foi suspensa a pedido do Executivo, para que o governo possa aumentar os gastos e fazer frente ao avanço da covid-19.
O superávit fiscal no primeiro quadrimestre resulta de déficit de R$ 94,969 bilhões do Governo Central (4,03% do PIB). Os governos regionais (Estados e municípios) apresentaram um superávit de R$ 10,769 bilhões (0,46% do PIB) no período. Enquanto os Estados registraram um superávit de R$ 10,398 bilhões, os municípios tiveram um saldo positivo de R$ 371 milhões. As empresas estatais registraram um resultado positivo de R$ 1,617 bilhão no período.
<b>12 meses</b>
As contas do setor público acumulam um déficit primário de R$ 164,429 bilhões em 12 meses até abril, o equivalente a 2,25% do PIB, informou o Banco Central.
O déficit fiscal nos 12 meses encerrados em abril pode ser atribuído ao rombo de R$ 184,595 bilhões do Governo Central (2,53% do PIB). Os governos regionais (Estados e municípios) apresentaram um superávit de R$ 8,070 bilhões (0,11% do PIB) em 12 meses até abril.
Enquanto os Estados registraram um superávit de R$ 10,221 bilhões, os municípios tiveram um saldo negativo de R$ 2,151 bilhão. As empresas estatais registraram um resultado positivo de R$ 12,096 bilhões no período.