O líder do PT na Câmara dos Deputados, Sibá Machado (AC), disse nesta terça-feira, 10, que não haverá enquadramento dos três membros do partido que são titulares do Conselho de Ética para a análise da admissibilidade do processo contra o presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB).
Contrariando o discurso oficial da direção da legenda, Sibá defendeu que não pode haver pressão sobre os petistas. “(Os titulares) não podem trabalhar sob pressão da bancada nem de ninguém”, afirmou.
O discurso do líder vai de encontro com manifestações de deputados do partido que defendem não só a continuidade do processo como uma eventual cassação de Cunha por quebra de decoro parlamentar. “Dane-se a direção. Não há hipótese de enquadramento”, disse um cacique petista nesta terça. Mais da metade da bancada do PT assinou a representação do PSOL e da Rede Sustentabilidade contra Cunha no Conselho de Ética.
Nos bastidores, a cúpula do PT na Casa avalia que a posição de não embate contra Cunha foi acertada e deve continuar para garantir que as matérias de interesse do governo sejam votadas e para não abrir espaço para pauta-bomba ou um início de processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff (PT).
Na avaliação dos petistas, a mudança no tom do discurso do PSDB (que já anunciou que seus dois titulares votarão contra Cunha no Conselho) se deve ao fato de que o partido não conseguiu o que queria até o momento e que não vale mais a pena seguir respaldando o peemedebista no comando da Casa. “Está claro que eles não estão ganhando mais nada com essa posição”, disse um líder do PT. A análise geral entre os petistas é que a situação de Cunha se agravou após a apresentação de sua defesa em que ele sustenta que é beneficiário de trusts na Suíça e não o detentor de contas.