Convenções partidárias realizadas no sábado, 12, em São Paulo indicam o caminho que partidos devem traçar até as eleições presidenciais de 2022. Em seus discursos, dirigentes de PSDB, PDT e PT destacaram a intenção de repetir, daqui a dois anos e para se contrapor ao presidente Jair Bolsonaro, alianças construídas na eleição paulistana.
O acordo fechado entre PSDB, MDB e DEM pela reeleição do prefeito tucano Bruno Covas é parte de uma articulação nacional. O MDB indicou o candidato a vice na chapa, o vereador Ricardo Nunes, e tem apoio da aliança à candidatura do deputado Baleia Rossi (MDB) à presidência da Câmara dos Deputados, em fevereiro do ano que vem.
"Após as eleições deste ano, teremos uma indicação mais clara da força dessa união, que, no plano nacional, integra PSDB, MDB e DEM", disse Doria, que tem intenção de concorrer à Presidência e deixar, no governo do Estado, seu vice, Rodrigo Garcia (DEM).
A aliança de Covas, a maior da capital paulista, tem mais sete partidos: Podemos, PSC, Progressistas, PL, PROS, Cidadania e PV.
Após a declaração de Doria, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse que a eleição de novembro "é uma prévia do que pode acontecer no futuro" e que é preciso "aproveitar a campanha para dar a sensação que (o Brasil) pode ter um rumo".
A opinião foi seguida pela ex-ministra Marta Suplicy, que pretende deixar o Solidariedade para apoiar Covas, enquanto a legenda anunciou apoio ao ex-governador de São Paulo Márcio França (PSB).
"Vivemos um momento difícil, com um presidente despreparado", disse Marta, que, quando foi prefeita, entre 2001 e 2004 pelo PT travou inúmeros debates com os tucanos, de quem ganhou o apelido de "Martaxa", devido à criação de novos tributos. "A gravidade dessa situação me levou, desde o ano passado, a conversar com todas as forças democráticas no sentido da construção de uma frente ampla", declarou a ex-ministra, durante a convenção do PSDB.
A convenção do PDT, em que foi oficializado o apoio da sigla à candidatura de Márcio França à Prefeitura, também teve recados sobre a formação de uma coalizão futura. "Essa união é apenas um prenúncio da formação da esquerda democrática e dos trabalhistas para um projeto de desenvolvimento nacional", disse Carlos Siqueira, presidente nacional do PSB.
Além de São Paulo, PSB e PDT estão juntos em ao menos outras quatro capitais, segundo Siqueira. As legendas alternam as cabeças de chapa.
Em São Paulo, o PDT indicou o presidente municipal da legenda, Antonio Neto, como vice de França. "A gente vai dar o sinal de que o Brasil está construindo um caminho novo, diferente dos ódios e paixões que levaram nosso País à tragédia que estamos vivendo hoje", disse Ciro Gomes (PDT), terceiro colocado na corrida presidencial de 2018, em vídeo enviado para a convenção.
Embora não tenha aliados na eleição municipal, a primeira vez que isso acontece desde 1988, o PT também tenta dar um caráter nacional à disputa de novembro. Em vídeo reproduzido na convenção, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse: "A partir de São Paulo e de cada cidade neste país vamos juntos reconstruir este nosso Brasil."
A "reconstrução" é o mote nacional das campanhas do PT nessas eleições municipais. A sigla deve trabalhar o mote "Quem defende vc é o PT".
<b>Prefeito</b>
Em entrevista coletiva, Covas se apresentou como um candidato de centro. "Muito mais que 2022, o pano de fundo da candidatura é a retomada do centro como polo importante do País. Muito mais importante que eleição presidencial", disse o tucano.
Além de Marta, FHC e líderes tucanos, o lançamento de sua candidatura foi acompanhado pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), o prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM).
Questionado sobre Bolsonaro, Covas respondeu: "Já não votei nele em 2018. Não tenho pretensão de fazer campanha pra ele em 2020. Minha candidatura representa o centro." As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>