A disputa pela presidência da ACE Guarulhos ganhou novos contornos após a suspensão das eleições pela Justiça, que deveriam ter ocorrido na última sexta-feira, dia 28. Não há nova data definida ainda nem decisão como ficará a gestão após o final do atual mandato. No centro do debate, a candidata da Chapa 2, Silvana Araújo, apresenta sua versão sobre a crise instalada na entidade, baseada em sua trajetória dentro da Associação Comercial e nas questões que a levaram a romper com a atual diretoria.
Em entrevista ao GWeb, Silvana conta que está ligada à ACE desde 2007 e que sua atuação contribuiu para projetos que nasceram dentro da entidade, como o núcleo de contabilidade que deu origem à Associação das Empresas Contábeis (AECG), da qual foi a primeira presidente. Participou das gestões de Jorge Taiar, Wiliam Paneque e Sílvio Alves. Ela relata que deixou a diretoria em setembro deste ano por discordâncias sobre a condução da entidade e, especialmente, pelas mudanças no estatuto.
Sobre esse ponto, Silvana afirma que o processo não foi transparente e que os associados votaram sem acesso às informações completas sobre o teor das alterações. Segundo ela, isso incluía mudanças estruturais que impactavam diretamente o futuro da ACE.
“O que a gente pedia era uma transparência de falar o que estava ocorrendo, que era, dentre vários pontos, a diminuição da quantidade de diretores, a possibilidade de reeleição do presidente por quantas vezes ele quisesse, indefinidamente, e o conselho fiscal perdendo todos os seus poderes”, declarou Silvana.

Ela ainda também reforçou que muitos diretores sequer tinham conhecimento detalhado da proposta de estatuto e que a votação foi mantida mesmo após questionamentos internos sobre a falta de debate. Disse também que o episódio fez com que ela não considerasse justo permanecer na diretoria.
Outro momento que marcou seu rompimento foi a extensão do mandato atual. Ela explicou que, na época da pandemia, aceitou o argumento de que seria necessário mais tempo para concluir projetos, mas que havia o compromisso de que não haveria nova tentativa de permanecer no cargo. Silvana relatou que esse acordo não foi cumprido e que a mudança estatutária recente deixou claro o interesse de perpetuação no poder.
“É lamentável, porque aí você vê o interesse próprio prevalecendo onde ele quer, é, permanecer no poder e as entidades, elas precisam de oxigenação. É necessário que haja uma movimentação de que cada presidente, ele vá lá, faça o seu trabalho e ele, após o seu trabalho concluído, ele, ele vá, durante toda a gestão dele, criando outras lideranças internas”, afirma a candidata.
Ela acrescentou que todas as entidades precisam de renovação contínua e que cabe ao presidente preparar sucessores, criando novas lideranças e evitando a centralização de poder. Relembrou que muitos projetos atuais da ACE nasceram de gestões antigas e que a entidade sempre funcionou de forma colaborativa.
A candidata também destaca o descontentamento crescente entre associados e a perda de credibilidade da instituição. Em sua avaliação, a falta de abertura para participação e debate afastou empresários que não se sentiam representados pela entidade nos últimos anos.
“O associado ele precisa ter pertencimento, ele precisa estar junto para se desenvolver. […] Hoje eu vejo uma associação muito dividida.”, diz Araújo.
Mais transparência e medidas a serem feitas
Além disso, ela explica que diversos empresários deixaram a ACE por não enxergarem valor, espaço ou retorno em suas participações e que considera urgente restabelecer conexões com entidades como FACESP, Sebrae, SESCON e AECG, das quais, segundo ela, a ACE se distanciou por decisão da atual gestão.
A candidata também detalhou quais seriam suas primeiras medidas caso eleita. O foco inicial seria reformular o estatuto, garantindo segurança jurídica, igualdade entre os associados e um documento construído coletivamente por diretoria e conselho. Defende também a reaproximação institucional como forma de ampliar projetos e fortalecer a representatividade da ACE no diálogo com o poder público.
“Esse estatuto precisa ser reformulado. […] A entidade precisa ter um estatuto que dê segurança jurídica.”, reafirma a candidata.
Por fim, Silvana completa que seu objetivo é resgatar o protagonismo histórico da ACE Guarulhos e reforçar o papel da entidade como apoio legítimo ao empresário, oferecendo pertencimento, voz e oportunidades de crescimento.
Para ela, a ACE não pode perder sua essência: uma entidade com história, que deve trabalhar com respeito aos associados e transparência na gestão, sem espaço para interesses pessoais ou permanências ilimitadas no poder.
Silvio Alves diz que atende aos anseios dos associados

Diante da disputa e das alegações do grupo de oposição, o GWEB ouviu o atual presidente da ACE, Sílvio Alves, principal alvo das acusações dos agora adversários. Ele destacou a oportunidade de “esclarecer algumas inverdades que têm sido veiculadas por mídias ligadas à oposição”, além de falar sobre sua proposta de continuidade e consolidação de conquistas das gestões que comandou.
“Eu decidi concorrer a mais um mandato porque, antes de tudo, atendi a um pedido unânime de diretores, conselheiros e inúmeros associados que reconhecem o trabalho realizado nos últimos seis anos e entendem que ainda há conquistas importantes a serem consolidadas”, afirmou. Alves declarou ainda que a recente modernização do estatuto foi aprovada pela maioria dos associados em Assembleia Geral convocada para este fim. “Isso permitiu, dentro da legalidade, que eu dispute novamente o voto de confiança do associado”.
O atual presidente destacou conquistas de seu mandato; “Abrimos a ACE para o pequeno e médio empreendedor, tracionamos e fortalecemos o ambiente de negócios, criamos eventos e projetos inéditos, ampliamos serviços e devolvemos o protagonismo à entidade”, garantiu. Silvio Alves também procurou esclarecer um ponto que ele considera estar sendo “lamentavelmente” explorado pela oposição.
Ele se refere a um suposto déficit financeiro divulgado por opositores. “Essa narrativa caiu por terra no dia 18 de novembro, quando o Conselho Fiscal, órgão independente e composto por profissionais qualificados da área contábil, aprovou por unanimidade as contas do último trimestre, assim como fez ao longo de todos os anos da minha gestão”, garantiu. “A aprovação unânime reforça que as alegações da oposição são inverídicas e não se sustentam diante da transparência e da responsabilidade com que conduzimos a ACE”, completou.
Para finalizar, Silvio Alves reforçou que, em um possível futuro mandato, pretende consolidar as conquistas obtidas e avançar ainda mais. “Vamos ampliar os núcleos de negócios temáticos para fortalecer os diversos segmentos da economia e tracionar o portfólio de produtos e serviços da entidade para oferecer soluções customizadas para os PMEs em condições diferenciadas”, finalizou.



