“Ninguém nasce mulher: torna-se mulher.” Essa frase, oposta à tese freudiana da “biologia como destino”, serve de divisa ao movimento feminista até hoje. No DVD Simone de Beauvoir e o Feminismo (Versátil, R$ 39,90) temos três oportunidades para conferir o pensamento e a atuação de sua autora, a filósofa francesa às vezes, do ponto de vista bem machista, mais conhecida por seu relacionamento (aberto) com Jean-Paul Sartre do que por sua militância e suas ideias próprias e bem fundamentadas.
É pena, porque está mais do que na hora de resgatar tanto a trajetória de vida quanto o pensamento de Simone em relação à condição feminina. Os três documentários de que se compõe o DVD abordam essas questões por ângulos diversos.
“Uma Mulher Atual” (2007), de Dominique Gros, é mais panorâmico e abrange vários temas. Aborda diversas facetas da vida intelectual de Simone: sua relação com Sartre, o existencialismo como filosofia do pós-guerra, o ativismo político como condição ética do engajamento, sua experiência como ficcionista, as viagens que fez pelo mundo (inclusive Brasil).
Em “Por Que Sou Feminista” (1975), de Jean-Louis Servain-Schreiber, o próprio título já indica o foco: trata-se de esmiuçar as ideias de seu revolucionário livro O Segundo Sexo, marco teórico do feminismo do século 20.
Já em “Simone de Beauvoir Fala” (1959), de Wilfred Lemoine, a filósofa é entrevistada em Paris pela Rádio Canadá e se exprime sobre múltiplos assuntos: existencialismo, religião, casamento, amor livre, etc. Simone falava e pensava com velocidade de metralhadora e não evitava assuntos-tabu. A emissão foi censurada na época por pressão do arcebispo de Montreal. Simone de Beauvoir (1908-1986) não era mesmo do tipo bela, recatada e do lar. Era uma tremenda mulher. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.