A valorização da maioria dos índices de ações em Nova York e novos sinais de alívio da inflação brasileira refletem positivamente no Ibovespa. Com isso, o principal indicador da B3 pode abandonar uma série de três pregões seguidos de baixa no fechamento.
Na quarta-feira, o índice fechou com recuo de 1,03%, aos 108.799 ,54 pontos, depois de ceder 0,26%, aos 109.928,53 pontos na terça-feira. Neste ambiente, tenta recuperar a importante marca psicológica dos 110 mil pontos.
Às 11h16, o Índice Bovespa subia 1,18%, aos 110.086,90 pontos, após avançar 2,13%, com máxima aos 111.114,53 pontos.
"O IPCA-15 veio melhor que o esperado, apesar de a taxa em 12 meses ainda estar elevada, em 4,07%", diz Dennis Esteves, especialista em investimentos da Blue3. Contudo, a variação de 4,07% está aquém do teto da meta de 4,75% estipulada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).
Luiz Roberto Monteiro, operador da mesa institucional da Renascença, reforça que o IPCA-15 abaixo do estimado pelo mercado dá gás ao Índice e motiva queda dos juros futuros, estimulando elevação de algumas ações de varejo e de aéreas. Às 11h14, por exemplo, Azul PN subia 6,94% e Gol PN subia 6,18%, enquanto VIA ON tinha elevação de 6,39%. "Os sinais de desaceleração da inflação elevam a possibilidade de queda da Selic, quem sabe em agosto", avalia.
Entretanto, Esteves, da Blue3, pondera que esse arrefecimento da inflação tende a ser pontual e a expectativa é de que acelere mais para a faixa dos 5,00% nos próximos meses. De todo modo, diz, o alivio visto na leitura de maio estimula alta do Ibovespa e queda dos juros futuros, acrescenta o especialista da Blue3. "A Focus desta semana já trouxe projeções menores para o IPCA, o que ajuda a levar o mercado a estimar que o início de queda da Selic está se aproximando", avalia.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – 15 (IPCA-15) atingiu 0,51% em maio, após 0,57% em abril. O resultado ficou abaixo da mediana de 0,65% das estimativas na pesquisa do Projeções Broadcast e perto do piso de 0,48% (teto: 0,72%).
Apesar de admitir que o processo de desinflação dá sinais de consolidação, o Rabobank pondera, em relatório, que essa fase ainda acontece de forma lenta. "Expectativas de inflação de longo prazo desancoradas continuam sendo um impedimento para flexibilizar a política monetária mais cedo", afirma.
Nesta quinta, o Rabobank reduziu sua estimativa para o IPCA fechado em 2023, de 5,9% para 5,6%, mas manteve a de 2024 em 3,7%. Apesar de esperar uma inflação menor neste ano, o Rabobank manteve as projeções para a Selic. O banco ainda acredita que o Comitê de Política Monetária (Copom) iniciará o ciclo de flexibilização apenas em 23 de novembro, como juro indo a 12,50% no final do quarto trimestre deste ano e a 10,00% no fim de 2024.
Nem mesmo a desvalorização das commodities impede a valorização do Índice Bovespa. Apesar do declínio de quase 2,90% do petróleo tipo Brent, referência para a Petrobras, em Londres, as ações da estatal cediam entre 0,11% (PN) e -0,44% (ON) às 11 horas. Já os papéis da Vale tinham alta de 0,15%, a despeito do recuo de 2,23% do minério de ferro em Dalian , na China. Os papéis da mineradora buscam recuperação após quedas recentes.
Nesta quinta, saiu a segunda estimativa do PIB americano (de 1,1% na primeira divulgação), que mostrou aumento anualizado de 1,3% no primeiro trimestre, ante previsão de alta de 1,6%. Já o núcleo do avançou à taxa anualizada de 5,0% no período. O destaque em Nova York é o Nasdaq, que avança mais de 1,00%, após a fabricante de chips Nvidia projetar vendas trimestrais bem maiores do que se esperava.
Sem a presença desta empresa no índice, o Dow Jones cai (-0,33% perto de 11 horas), observa em nota o economista Silvio Campos Neto, sócio da Tendências Consultoria. Na Europa, acrescenta, as bolsas caem levemente, afetadas também pela contração do PIB da Alemanha, que entra em recessão.
Além disso, os investidores monitoram as negociações sobre o teto da dívida dos EUA, enquanto no Brasil o mercado olha ainda a tramitação do arcabouço fiscal no Senado e se o novo marco poderá ser votado direto no plenário.
"No fiscal, a votação de MP que desonera o setor de eventos e a apresentação de plano no segmento automotivo, ambos previstos para hoje, vão na contramão dos objetivos da Fazenda, de reduzir os benefícios tributários", cita o economista da Tendências Consultoria.