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Sinal de recuperação externa ampara alta do Ibovespa; risco fiscal fica no radar

A sinalização de recuperação das bolsas do ocidente e de novos estímulos para a economia chinesa ampara alta do Ibovespa nesta quinta-feira, mas ainda sem esboçar força de que irá recuperar a marca dos 100 mil pontos. Desde o dia 17, não sabe o que é fechar neste nível. Ontem, caiu 0,16%, aos 99.522,30 pontos. De um lado, a alta das commodities – petróleo sobe no exterior e minério subiu quase 7% no mercado chinês – ajuda. De outro, ações de bancos cedem, prejudicando.

Além do mais, indícios de recessão mundial conforme apontam alguns PMIs da Europa colocam cautela nos mercados, enquanto esperam a divulgação de dados de atividade dos Estados Unidos, participação do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central do país), Jerome Powell, na Câmara. Isso porque tem crescido a pressão sobre o Fed para aumentos de juros mais agressivos para conter a inflação, o que provocaria mais perda de tração da economia.

"Bolsas com comportamento misto. Caem na Europa, após PMIs da zona do euro, mas sobem ligeiramente nos EUA, segundo os índices futuros. Receio de recessão parece prevalecer em outros mercados, com juros e commodities em queda e dólar em alta", cita em nota a MCM Consultores.

"O mercado está olhando mais a queda dos juros dos títulos americanos para tentar estimar o tamanho de uma recessão, e esperando por Powell", diz Luiz Roberto Monteiro, operador da mesa institucional da Renascença. O presidente do Fed, Jerome Powell, participa de audiência na câmara dos EUA. Ontem, esteve no Senado, e deve repetir hoje sua fala da véspera. Por isso, fica a expectativa para a fase de perguntas e respostas.

Além disso, o índice Bovespa se esbarrar no imbróglio sobre a Petrobras, dado que o governo continua persistindo na mudança da Lei das Estatais, embora a instalação da CPI para avaliar a empresa em relação aos preços dos combustíveis não tenha mais tanta força. Além disso, são crescentes as preocupações com o fiscal no Brasil.

Em meio a tanto impasse, o governo tenta evitar perda de apoio principalmente dos caminhoneiros. Agora, fala em conceder um auxílio de mil reais, e não mais de R$ 400, valor considerado insuficiente pela categoria. Com isso, o pacote para reduzir os preços dos combustíveis e o voucher ao setor de transportes deve custar R$ 50 bilhões, ficando fora do teto de gastos. Além disso, medidas como essas são vedado em ano eleitoral. Por isso, fala-se em criação de um estado de emergência, o que tende a desagradar ao mercado.

Na agenda doméstica, destaque para entrevista de política monetária do presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, às 11 horas, que tende a reforçar expectativas de Selic alta por um longo tempo.

Às 10h44, o Ibovespa subia 0,06%, aos 99.579,12 pontos, após ceder 0,10%, na mínima, diária, aos 99.422,21 pontos, após subir 0,71%, na máxima aos 100.231,96 pontos.

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