Estadão

Sinal de retomada da China ampara alta do Ibovespa; queda em NY é limitador

Indícios de recuperação da economia chinesa estimulam alta do Ibovespa no último pregão de maio. Na segunda-feira, recuou -0,81%, aos 111.032,11 pontos, quando as bolsas de Nova York ficaram fechadas por conta de feriado. Além disso, a queda na taxa de desemprego no trimestre até abril (de 10,5%, ante 11,1%), menor que a mediana de 11,0%, gera algum otimismo, ainda que possa reforçar preocupações inflacionárias. Porém, o recuo do mercado acionário americano limita o ganho do Ibovespa, em meio a renovados temores com a inflação global.

Na avaliação do economista-chefe do BV, Roberto Padovani, as renovadas preocupações com a política monetária mundial ficam no foco das atenções, após indicadores de inflação da zona do euro, com a taxa superando 8% em maio ante igual mês de 2021. "O que preocupa é a inflação novamente e vemos pressão no petróleo. Portanto, o tema de alta de juros voltou ao radar", avalia em comentário a clientes e à imprensa.

Por isso, o mercado ficará de olho na participação do presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, em audiência sobre inflação e taxa de juros na Comissão de Defesa do Consumidor da Câmara dos Deputados, 14 horas, e ainda de olho no dólar, em dia de vencimento da ptax.

"Temos as sanções contra a Rússia que aumentaram e tendem a trazer temor. Considero que isso tem mais impacto nesse momento. Receio contra inflação", avalia Eduardo Cubas, sócio da Manchester Investimentos. Para a Manchester, ainda há muito efeito das altas recentes da taxa Selic que impactarão a economia. "Acreditamos que possa subir mais 0,5 (ou eventualmente mais um ponto), mas estabilize ali até que a inflação desacelere", estima Cubas.

Na China, o Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) avançou de 47,4 em abril para 49,6 em maio, ficando acima do esperado (48,9), mas ainda inferior a 50, que é indicativo de expansão. Já o de serviços avançou a 47,8 no período (de 41,9).

"Mesmo que os resultados tenham ficado menores do que 50 animam, animam, mas nada para empolgar", avalia o estrategista-chefe do Grupo Laatus, Jefferson Laatus, lembrando que o minério de ferro reagiu em forte alta (faixa de 2%) em Dalian e subiu 0,27% no porto chinês de Qingdao. Isso beneficia as ações ligadas ao setor na B3, com exceção de Vale, que ontem foi na contramão e subiu.

Apesar da valorização do petróleo, com o tipo Brent perto de atingir US$ 120 o barril, após embargo da UE à Rússia, podendo ser fator de pressão extra em relação à política de preços da Petrobras, que continua sendo alvo de críticas do governo, as ações da estatal sobem. Os papéis tentam recuperar parte das perdas recentes.

Para tentar demonstrar que está tentando encontrar formas para os preços dos combustíveis, o MME formalizou, ontem à noite, o pedido de inclusão da Petrobras na carteira do Programa de Parcerias e Investimentos (PPI). A notícia é vista como blefe pelo governo, dado não se tratar de um processo fácil e feito no sentido de agradar ao eleitorado do presidente Jair Bolsonaro, que concorre à reeleição.

Ontem, o presidente Bolsonaro admitiu que o governo trabalha para reduzir a frequência dos reajustes nos combustíveis que são feitos de acordo com a política de preços da Petrobras.

Em contrapartida, o superávit do setor público e arrefecimento na taxa de desemprego no trimestre até abril são bem vistos. "Quanto mais pessoas empregadas, melhor. Porém, tem outros problemas que ficarão no radar, como as envolvendo a Petrobras", alerta Laatus.

Às 11h49, o Ibovespa subia 0,61%, aos 111.711,80 pontos. Após abrir aos 111.035,69 pontos, que também fora a mínima até o momento, alcançou máxima diária aos 111.902,64 pontos (alta de 0,78%).

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