A despeito da taxa de inflação norte-americana em maio acima da esperada pelo consenso de mercado, as bolsas de Nova York avançam, o que também permite valorização do Ibovespa nesta quinta-feira. Às 10h38, o indicador da B3 subia 0,17%, aos 130.124,95 pontos. Ontem, o Ibovespa voltou a subir (0,09%, aos 129.906,80 pontos), depois de ter caído no dia anterior, quando interrompeu uma série de ganhos.
O índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) dos Estados Unidos atingiu 0,6% em maio, ficando abaixo da alta de 0,8% registrada em abril, e acima da mediana de 0,4% das estimativas na pesquisa Projeções Broadcast.
De acordo com Alexandre Brito, sócio da Finacap Investimentos, por enquanto, a visão é de que o Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) deve continuar com sua política de estímulos e com manutenção dos juros. "Assim como sugeriu o payroll informado na semana passada, a sensação é de que a economia americana ainda não está em nível de crescimento como o imaginado", observa.
"Veio acima, mas nada exorbitante como foi em abril 0,8%, ante projeção de 0,2%. Nada que deva mudar a cabeça do Fed. O cenário é bom, de recuperação gradual", afirma o estrategista-chefe do Grupo Laatus, Jefferson Laatus.
Os rendimentos dos títulos americanos renovaram máximas após a divulgação. "Muito provavelmente, o Fed manterá o juro baixo por mais tempo, mas sempre tem o risco de antecipar o processo de alta", pondera Victor Bueno, da Top Gain Investimentos.
Os pedidos semanais de desemprego nos EUA caíram 9 mil, a 376 mil, ante expectativa de 370 mil. O Banco Central Europeu (BCE), por sua vez, manteve os juros como o esperado e disse que seguirá comprando bônus em ritmo mais acelerado para impulsionar a economia.
Para Laatus, o entendimento dos dados informados hoje nos EUA vai na mesma direção da visão da presidente do BCE, Christine Lagarde, de que a economia da zona do euro está em crescimento, mas que o ritmo é gradual. "Ou seja, é um processo que é bom, mas não é ótimo." Para Lagarde, fatores temporários explicam o aumento da inflação na zona do euro e o BCE não discutiu a redução de compras de ativos porque seria "prematuro".
Diante de sinais de que a inflação está sob controle e que o desempenho da economia é considerado razoável, o PBoC (Banco Central da China) manteve sua política monetária.
As cotações do petróleo sobem, após o relatório mensal da Opep sobre o mercado da commodity mostrar manutenção de alta na demanda global pela matéria-prima. Além de ficar de olho no petróleo, o investidor das ações da Petrobras também avaliam a informação de que a estatal iniciará, no domingo a primeira das duas aquisições sísmicas do projeto de monitoramento do campo de Sapinhoá, na área do pré-sal da Bacia de Santos. Às 10h42, o papéis da estatal subiam em torno de 1%.
Na China, no porto de Qingdao, o minério fechou com valorização de 1,96%, a US$ 216,84 a tonelada. No entanto, a alta é insuficiente para impulsionar os papéis da Vale, em meio a algumas notícias desfavoráveis envolvendo a mineradora. No horário citado acima, as ações cediam 0,78%, levando junto os papéis de outras empresas do setor (Usiminas caía 0,85%) e de siderurgia (Gerdau PN caía 0,31%).
A barragem da Vale chamada Xingu, na mina Alegria, em Mariana (MG), corre "grave e iminente risco de ruptura por liquefação", conforme a Superintendência Regional do Trabalho de Minas Gerais, responsável por interditar atividades da empresa no local, informa a <i>Reuters</i>. Além disso, a companhia foi condenada a pagar R$ 1 milhão por cada trabalhador morto em Brumadinho (MG).
Na expectativa de avanço no processo de privatização da Eletrobras, os papéis reagem positivamente (subiam em torno de 2% perto de 11horas). O relator da medida provisória que trata da desestatização da companhia, senador Marcos Rogério (DEM-RO), afirmou que deve finalizar seu relatório, no máximo, até a próxima terça-feira e pretende levar o texto para discussão no plenário no mesmo dia.
Além de a privatização ser um importante sinalizador para o investidor estrangeiro, também é seria importante para atenuar preocupações com a questão hídrica, observa Brito. "Traria força para o capital político do governo e para o investidor estrangeiro", diz.