Após as declarações do novo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, desagradarem as centrais sindicais, como no caso da proposta de reforma da Previdência, representantes das entidades disseram nesta segunda-feira, 16, antes de participar da primeira reunião com o presidente em exercício Michel Temer, que o convite para o dialogo é importante, mas que é preciso ir além da conversa.
“Na vez anterior, Dilma também falou em diálogo e fomos surpreendidos com medidas que prejudicaram o trabalhador”, disse o presidente da União Geral dos Trabalhadores (UGT), Ricardo Patah, ressaltando que os sindicalistas já são “gatos escaldados”. “Vamos deixar claro uma posição: o importante é que todos nós queremos que estanque esse problema do desemprego”, afirmou.
O presidente da Força Sindical, deputado federal Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força (SD-SP), avaliou que o novo governo “precisa entender primeiro a Previdência, para depois falar de reforma” no setor. Para ele, declarações como a de Meirelles, sobre a necessidade de uma reforma do setor, foram “um estresse logo de cara” no governo Temer.
“Não concordamos de fazer reforma sem discutir, negociar. Há uma série de coisas para serem feitas na Previdência antes da reforma, como acabar com desonerações”, disse Paulinho. Um dos pontos inegociáveis para ele é a mudança na idade mínima de aposentadoria. “Como vamos aceitar discutir hoje idade mínima que penaliza os mais pobres e que começam a trabalhar primeiro?”, indagou.
Paulinho avalia que a desoneração tributária sobre a folha de pagamento foi um erro do governo da presidente afastada Dilma Rousseff (PT), pois a redução deu benefícios para empresas em cima da Previdência, segundo ele. “Precisa fazer as empresas pagarem os 5% da Previdência em vez de 1% na folha. Há outros caminhos como aprovar (liberar) os jogos no Brasil e passar os impostos para a Previdência”, sugeriu. “Temos que constatar que o governo do PT meteu o País na maior crise da história e é uma crise do Brasil e não dos trabalhadores.”
Já o presidente da Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB), Antônio Neto, afirmou que antes de discutir reforma da previdência é preciso avaliar outras questões, como a desoneração de empresas exportadoras do agronegócio. “Alguns dizem que não querem pagar o pato, e nós não queremos pagar a conta”, ironizou, citando a campanha da Fiesp contra o aumento de impostos.
Além de representantes de Força Sindical, UGT e CSB, estão presentes no encontro membros da Nova Central Sindical de Trabalhadores e os ministros Meirelles, Eliseu Padilha (Casa Civil) e Ronaldo Nogueira (Trabalho). A principal entidade sindical, a Central Única dos Trabalhadores (CUT), que apoia a presidente afastada Dilma Rousseff (PT), informou que não irá ao encontro.
Demandas
As centrais são contra a reforma da Previdência, em especial em relação à idade mínima e ao aumento do tempo de contribuição. Outro ponto que elas querem discutir hoje com o novo governo é a revisão da legislação trabalhista.
Na sexta-feira, Meirelles disse que a proposta de reforma da Previdência deve respeitar os direitos adquiridos. Mas ressaltou que esse conceito é “impreciso”. Afirmou ainda que sua equipe trabalha em cima de revisão da legislação trabalhista.