A crise de abastecimento na indústria automotiva foi possivelmente mais forte no Brasil do que em outros países, mas caminha para uma normalização, até o início do segundo trimestre, dos insumos nacionais que estão em falta nas linhas de montagem. A previsão foi transmitida nesta terça-feira, 9, pela direção do Sindipeças, entidade que representa os fornecedores das montadoras.
"O Brasil talvez tenha sido mais afetado do que a média no abastecimento de materiais, com a recuperação <i>de produção</i> mais forte do que o previsto. É natural que isso acontecesse porque temos uma cadeia longa, diferente de um sistema em que apenas se montam as peças", explicou Dan Ioschpe, presidente do Sindipeças, durante participação em seminário transmitido pela Autodata.
"Mas acreditamos que entre o fim do primeiro trimestre e o início do segundo trimestre deve haver uma normalização", acrescentou.
O executivo ponderou, no entanto, que deve persistir por mais tempo a falta de componentes eletrônicos, decorrente da escassez de chips produzidos, em maior parte, na Ásia e que concentra o maior gargalo de abastecimento das fábricas.
As montadoras vêm há meses apontando insuficiência de materiais como aço, resinas e borracha (pneus), porém com a falta de eletrônicos o quadro se agravou, levando a paralisações completas ou parciais mais frequentes e prolongadas nas fábricas.
Hoje, o presidente do Sindipeças sustentou que a perda de estoques intermediários de componentes – consumidos no primeiro choque da pandemia, quando as empresas precisavam fazer caixa – gerou urgência de suprimento na retomada das atividades. Como consequência, houve ruptura na cadeia que levou a pressões não só sobre os volumes, mas também sobre os custos de produção.
Apesar disso, Ioschpe mostrou confiança numa solução de curto prazo. "Exceto semicondutores, a gente está andando numa boa direção para sair dessa situação."
Ele repetiu durante o seminário as previsões do Sindipeças que apontam a um crescimento de 14,6% no faturamento da indústria de componentes automotivos, para R$ 142,6 bilhões, na esteira de um crescimento de 20% projetado para a produção das montadoras.
O presidente do Sindipeças disse estar mais preocupado com o agravamento da crise sanitária, com o consequente endurecimento das restrições, do que com a situação dos suprimentos, que, conforme avaliou, caminha para uma solução.