Economia

Situação da poupança tende a se agravar, avalia diretor da Anefac

Um dos primeiros a salientar que a poupança teria meses bastante complicados em 2015, o diretor executivo de Estudos e Pesquisas Econômicas da Associação Nacional dos Executivos de Finanças Administração e Contabilidade (Anefac), Miguel José Ribeiro de Oliveira, acredita que a situação ainda vai se agravar. “O quadro de retiradas maiores vai continuar se acentuando”, disse Oliveira na tarde desta segunda-feira, 6, em entrevista ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado.

Ele mantém essa avaliação com base na rentabilidade maior de aplicações financeiras em títulos públicos como fundo de renda fixa, CDBs e Tesouro Direto, por exemplo, em detrimento a uma menor rentabilidade da poupança no atual processo de alta dos juros.

Além disso, Oliveira acredita que a retração econômica, somada à inflação elevada e juros altos, além de aumento de encargos e impostos reduz a renda das famílias. Com menos recursos no bolso, sobra menos para a poupança, que muitas vezes também acaba sendo um local de socorro, segundo ele, para arcar com os compromissos econômicos do dia a dia das famílias.

Para o diretor da Anefac, dificilmente esse quadro vai se alterar este ano e ainda não está certo de que haverá melhoras em 2016. “Quando a inflação ficar mais baixa, o juro cair e a atividade começar a crescer, daí a poupança volta”, avaliou. “Mas isso não será em 2015 com certeza e, em 2016, ainda não sabemos.”

Oliveira lembrou ainda que o BC mexeu recentemente na regra dos compulsórios para garantir mais funding para a construção civil. Para isso, no entanto, precisou preparar uma engenharia financeira complexa. Não há como saber agora, de acordo com o diretor da Anefac, se a instituição terá como proporcionar um novo fôlego ao setor caso a poupança continue a sangrar nos próximos meses. “O BC está entre a cruz e a espada e nós não sabemos o que vai fazer”, comentou.

Não foi à toa, disse ainda o economista, que a Caixa Econômica Federal mexeu nas regras de financiamento imobiliário, aumentando de 50% para 70% o mínimo de empréstimo para casa própria. Na outra ponta, a maior financiadora de imóveis do País agora dá incentivos extras aos poupadores.

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