Cinco dias após a tumultuada chegada de Novak Djokovic à Austrália, a Associação dos Tenistas Profissionais (ATP) se manifestou nesta segunda-feira sobre o caso que sacudiu o mundo do tênis na última semana. Em comunicado, a entidade evitou se posicionar de forma contundente ao comemorar a decisão judicial favorável ao sérvio, defender a vacinação contra a covid-19 e afirmar que o caso causou danos para todos.
"A série de eventos que levaram ao julgamento desta segunda-feira prejudicou a todos, incluindo o bem-estar de Novak e sua preparação para o Aberto da Austrália", disse a ATP. "Pedidos de exceções médicas são feitas de forma independente da ATP, entretanto estamos em contato constante com a Tennis Austrália para buscar maior clareza sobre este processo."
A exceção médica a que a entidade se refere é a permissão médica especial que Djokovic obteve junto ao governo estadual de Victoria e à federação australiana de tênis para poder entrar no país e disputar o primeiro Grand Slam da temporada mesmo sem estar vacinado contra a covid-19.
A permissão serve para atender casos específicos, como o de pessoas que não tomaram o imunizante para não piorar um quadro clínico grave causado por outra doença ou porque apresentaram reação grave na primeira dose ou ainda porque tiveram covid-19 nos últimos seis meses.
Sem se vacinar, Djokovic obteve a permissão porque testou positivo para a doença em 16 de dezembro. Mas, na entrada no país, foi barrado porque as autoridades da fronteira consideraram que sua documentação era insuficiente para confirmar a exceção médica. Além disso, o governo federal argumentou que não estava mais aceitando a liberação com base em teste positivo recente. Isso gerou uma guerra de declarações públicas entre o governo federal, o estadual e a Tennis Australia, responsável por organizar o torneio.
O número 1 do mundo acabou passando por seguidos constrangimentos, como permanecer no aeroporto por oito horas, ao longo da madrugada da quinta-feira passada. E, após ter seu visto cancelado, foi levado para um hotel reservado a refugiados, no subúrbio de Melbourne. Ele só não foi deportado porque seus advogados levaram o caso para a justiça local, que definiu por liberar a permanência do jogador na Austrália em audiência realizada nesta segunda-feira.
Em seu comunicado, a ATP defendeu o sérvio e comemorou a decisão judicial. "Ao viajar para Melbourne, está claro que Novak Djokovic acreditou que ele havia assegurado a permissão médica especial para poder atender a todas as regras de entrada no país", registrou. "Nós nos congratulamos com a decisão da audiência desta segunda e estamos ansiosos por algumas semanas de tênis pela frente."
A entidade disse ainda respeitar as regras impostas pelo governo australiano, devido à pandemia, mas alertou que estas "complicações" mostram a "necessidade de uma maior compreensão, comunicação e aplicação das regras".
E também ressaltou sua defesa da vacinação. "A ATP recomenda fortemente a vacinação para todos os tenistas do circuito, isso é essencial para que o nosso esporte possa enfrentar a pandemia. Isso é baseado em evidência científica." Por fim, a entidade revelou que 97% do Top 100 do ranking masculino está vacinado.