Aliado de Jair Bolsonaro, o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf (MDB), tem sido a principal ponte entre o governo e os empresários desde o início da pandemia do coronavírus. Ao contrário de empresários bolsonaristas, o dirigente não aderiu à proposta de reabrir imediatamente o comércio das grandes cidades e acabar com o isolamento social. Ele advoga a tese de encerrar a quarentena determinada pelo governo paulista no dia 22 de abril, sem que haja prorrogação. Para Skaf, nesta data, a infraestrutura de saúde vai estar preparada para a demanda de doentes.
"Até o dia 22 nós temos tempo para ter toda a infraestrutura de saúde preparada e começarmos a reativar a atividade econômica de forma gradual. Temos de reativar de forma prudente, gradativa e com todas as cautelas, com o uso de máscara e distanciamento. Defendo que isso seria o melhor para o Brasil", disse o dirigente. Esse foi o tema de reunião virtual com 40 empresários, como Abílio Diniz, Luiz Carlos Trabuco e David Feffer, que fazem parte do grupo "Diálogo pelo Brasil". Eles discutiram um protocolo para a retomada da economia a partir do fim da quarentena.
Apesar do otimismo do empresariado, há risco de faltar leitos em São Paulo. Segundo o secretário de Saúde da capital, Edson Aparecido, em uma semana, 60% dos 1.662 leitos de baixa e média complexidade para pacientes com coronavírus foram ocupados. O Estado acumula o maior número de mortes por covid-19 no Brasil, 608, segundo dados divulgados ontem pelo governo estadual.
No último dia 6, o governador João Doria (PSDB) prorrogou a quarentena em São Paulo até o dia 22 de abril. No entorno do tucano, a avaliação é de que esse decreto pode ser prorrogado por 15 dias ou mais, a depender do quadro do avanço da pandemia. A Fiesp não se manifestou sobre as falas de Bolsonaro minimizando a covid-19 ou pregando o fim da quarentena, mas também não se opôs ao decreto paulista. A entidade vai lançar nas próximas semanas uma campanha em defesa do uso de máscaras pela população. O Senai tem programas para recuperar respiradores e produzir álcool em gel.
Skaf tem mantido uma agenda intensa com ministros do governo Bolsonaro e empresários. Na semana retrasada, a Fiesp realizou uma reunião virtual com o presidente, o ministro da Saúde, Henrique Mandetta, o ministro-chefe da Casa Civil, general Braga Netto, e 40 grandes empresários. Na ocasião, Skaf manifestou uma "preocupação" que vai ao encontro do discurso do Palácio do Planalto de enfrentamento aos governadores: as decisões isoladas dos Estados e prefeituras podem "desestruturar" a operação produtiva. "A questão da segurança jurídica preocupa porque ela é tudo no momento em que você sente que cada prefeito ou governador vai ter regras distintas ou impedir a logística que leve alimentos e remédios", disse.
<b>Monitoramento</b>
O empresário recebeu a reportagem usando máscara em unidade do Senai. Ao chegar ao local, todos têm a temperatura medida e quem for detectado com febre é impedido de entrar. Na sede da entidade, na Avenida Paulista, as regras são ainda mais rígidas. Além da medição de temperatura, visitantes são submetidos a um questionário feito por uma enfermeira. O presidente da Fiesp afirmou que fez duas vezes o exame para covid-19, sendo que ambas deram negativo.
Ainda filiado ao MDB, mas de malas prontas para o Aliança pelo Brasil quando a sigla sair do papel, Skaf evitou se posicionar publicamente em defesa do presidente, que tem sido alvo de panelaços diários. O empresário recebeu a promessa de assumir o comando do Aliança no Estado e ser o candidato em 2022. As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>