Ancorada na tese de retomada da economia e de aceleração de crescimento, a rede de academias Smart Fit, fundada por Edgard Corona, concluiu na segunda-feira, 12, sua oferta inicial de ações (IPO, pela sigla em inglês), que movimentou R$ 2,3 bilhões, considerando apenas o lote principal. A demanda pelos papéis superou em 20 vezes o volume ofertado, algo raramente visto no mercado local. A negociação das ações começa amanhã.
Mesmo com a elevada demanda entre os investidores, a decisão foi a de definir o preço por ação de R$ 23 – o intervalo era de R$ 20 a R$ 25. A justificativa foi garantir um bom desempenho dos papéis da novata na B3, a Bolsa brasileira, visto que a empresa quer voltar ao mercado no futuro para uma nova emissão.
A oferta foi lançada com os chamados "investidores-âncor", que garantem a compra de ações de parte do IPO, algo que torna a operação mais segura para os emissores. Em conjunto, a gestora Dynamo, o fundo soberano de Cingapura GIC e o fundo de pensão canadense CPPI (que já era acionista) se comprometeram a comprar R$ 750 milhões. O fato de todos serem investidores conhecidos no mercado financeiro ajudou a atrair demanda, comenta uma fonte.
Além da família Corona, a rede tem como sócio o fundo de investimento em empresas Pátria. A participação direta de Edgard Corona passa, com a estreia na B3, de 11% para 8,5%. O Pátria, que tinha 51%, passará para 39,6% após a operação. Na próxima oferta de ações já prevista, a expectativa é que o Pátria saia do capital da Smart Fit.
Apesar do grande interesse dos investidores, a decisão foi de não emitir as 15 milhões de ações do lote adicional, vendido em caso de elevada demanda em uma oferta de ações.
Essa decisão ocorreu, conforme apurou o <b>Estadão</b>, para os controladores reterem participação neste momento e terem uma margem futura para eventual aquisição que demande troca de ações – movimento que provoca diluição acionária. Apesar disso, não há uma operação em vista, disse uma fonte. Neste ano, a companhia já comprou a rede de academias Just Fit.
Aos investidores, ao longo das reuniões para o IPO, foi apresentado o cenário de retomada da economia à medida que avança a vacinação no País, a exemplo do que vem ocorrendo nos EUA. Fora isso, a rede de academias será a primeira no setor na B3.
O forte interesse de investidores foi tanto que ignorou, por exemplo, uma disputa na Justiça envolvendo acionistas minoritários da companhia. A demanda registrada foi a maior vista em uma oferta de ações nos últimos anos na Bolsa brasileira, a despeito da atual volatilidade do mercado por conta da crise política no País.
<b>Meta de expansão</b>
O valor movimentado na oferta irá para o caixa da empresa e financiará basicamente a expansão da rede – cerca de 70% dos recursos serão utilizados para a abertura de novas unidades da Smart Fit. Aquisições estratégicas não estão descartadas, conforme o prospecto da oferta.
Hoje, a empresa está presente em 13 países da América Latina e, ao fim do primeiro trimestre, tinha cerca de mil academias – 538 no Brasil. Antes da pandemia de covid-19, que afetou o negócio por obrigar que academias ficassem de portas fechadas por um período, a base de clientes era de 2,8 milhões de pessoas. A expansão se dava a um ritmo de cerca de 40% a cada ano.
Foram coordenadores da oferta o Itaú BBA, o Morgan Stanley, o BTG Pactual, o Santander e o Banco ABC.
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>