Opinião

Só limpar não adianta

O Ministério dos Transportes passa por uma faxina geral, promovida pela presidente Dilma Roussef (PT) após as denúncias de corrupção que vieram à tona depois de reportagens publicadas pela grande imprensa brasileira. Nesta terça-feira, mais seis pessoas perderam seus cargos de alto escalão. Quatro eram assessores do ministério ligados ao deputado Valdemar Costa Neto (PR-SP) e ao ex-ministro Alfredo Nascimento. Os outros dois são coordenadores do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), foco do escândalo de corrupção na área.


A pedido da presidente Dilma Rousseff, o novo ministro dos Transportes, Paulo Sério Passos, deve concluir ainda nesta semana a “limpeza” na pasta. São esperados o afastamento do petista Hideraldo Luiz Caron, diretor de Infraestrutura Rodoviária do Dnit, e de Felipe Sanches, presidente interino da Valec, e outros supostos envolvidos.


Reportagem publicada nesta terça-feira pelo jornal O Estado de S. Paulo mostra o envolvimento de José Monte Rocha em um atestado que ajudou na contratação de uma empresa de fachada pelo Dnit por R$ 18,9 milhões. Apadrinhado de Valdemar, Rocha presidiu até o ano passado o Grupo Executivo criado para cuidar do passivo do antigo Departamento Nacional de Estradas de Rodagem (DNER) que foi extinto no ano passado. Até esta segunda-feira, era assessor para assuntos administrativos na pasta.


Este é só mais um exemplo dos desmandos que estavam instalados nos Transportes, durante a gestão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Vale salientar que todos eles estavam nos mesmos cargos há vários anos, utilizando das posições para traficar influências e faturar alto, segundo as denúncias.


Ou seja, não adianta apenas passar a vassoura. Precisa ir muito além. Só que isso poderia não só arranhar, mas machucar profundamente gente grande ligada à própria presidente. E mais: todos estão caindo, desde o ministro até esses altos assessores, somente porque a imprensa fez as denúncias. Caso não houvessem as reportagens, ninguém perderia a boquinha. Tudo continuaria como antes.

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