Estadão

São Paulo confirma dois casos autóctones de febre oropouche

A Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo confirmou dois casos autóctones de febre oropouche. As infecções ocorreram no município de Cajati, na região do Vale do Ribeira, e as pacientes evoluíram para cura.

De acordo com a secretaria, as pacientes não tinham histórico de deslocamento nos últimos 30 dias e residem em uma área rural próxima a uma plantação de bananas. O diagnóstico ocorreu após resultado de exame de RT-PCR realizado pelo Instituto Adolfo Lutz, e o descarte de doenças como zika, chikungunya e febre amarela.

No último balanço sobre a doença, divulgado em julho, o Ministério da Saúde informou que o país contabilizava 7.236 casos de febre oropouche desde o início do ano. À época, as transmissões autóctones haviam sido confirmadas em 20 Estados e São Paulo não estava na lista.

Também em julho, a pasta comunicou dois óbitos pela doença na Bahia, os primeiros casos fatais no mundo. A primeira morte, de uma mulher de 24 anos que residia em Valença, ocorreu no dia 27 de março. A segunda, de uma jovem de 21 anos residente em Camamu, foi registrada em 10 de maio.

Segundo o ministério, os sintomas da doença são parecidos com os da dengue e da chikungunya, com febre de início súbito, dor de cabeça, dor muscular e dor nas articulações. Outros sintomas, como tontura, dor atrás do olhos, calafrios, fotofobia, náuseas e vômitos também são relatados.

Casos mais graves podem incluir o acometimento do sistema nervoso central e há relatos de manifestações hemorrágicas. "Parte dos pacientes (estudos relatam até 60%) pode apresentar recidiva, com manifestação dos mesmos sintomas ou apenas febre, cefaleia e mialgia, após uma a duas semanas a partir das manifestações iniciais", acrescenta a pasta.

<b>Como ocorre a transmissão?</b>

A febre oropouche é causada por um arbovírus (vírus transmitido por mosquitos) chamado Orthobunyavirus oropoucheense (OROV).

Transmitido aos seres humanos principalmente pela picada do Culicoides paraensis, conhecido como maruim ou mosquito-pólvora, esse vírus foi detectado no Brasil na década de 1960, a partir de amostra de sangue de um bicho-preguiça. Desde então, casos isolados e surtos foram relatados no Brasil, principalmente nos Estados da região Amazônica, e em países como Panamá, Argentina, Bolívia, Equador, Peru e Venezuela.

A transmissão ocorre quando o mosquito maruim pica uma pessoa ou animal infectado e, em seguida, pica uma pessoa saudável, passando a doença para ela. Assim, existem dois tipos de ciclo de transmissão:

Ciclo silvestre: nesse ciclo, animais como bichos-preguiça e macacos são os hospedeiros do vírus. Alguns tipos de mosquito, como o Coquilletti diavenezuelensis e o Aedes serratus, também podem carregar o vírus, mas o maruim é considerado o principal transmissor nesse ciclo.

Ciclo urbano: os humanos são os principais hospedeiros do vírus. O maruim é o vetor principal, porém alguns casos também podem estar associados ao Culex quinquefasciatus, comumente encontrado em ambientes urbanos.

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