A pandemia e as seguidas polêmicas ocorridas durante o US Open acabaram ofuscando uma discussão sobre o futuro das entidades do tênis mundial. Até ídolos, como Roger Federer, vinham comentando sobre esta possibilidade antes da paralisação do circuito causada pelo novo coronavírus. Em entrevista ao <b>Estadão</b>, o brasileiro Bruno Soares confirmou que a unificação da ATP com a WTA, ITF e os Grand Slams é a tendência para os próximos anos.
A ideia faz parte de um projeto apresentado pelo novo presidente da ATP, Andrea Gaudenzi, no início do ano. As discussões, contudo, foram atropeladas, primeiro pela crise dos incêndios às vésperas do Aberto da Austrália, em janeiro, e depois pela própria pandemia, que exigiu esforço concentrado para reconfigurar o calendário deste ano.
"Eles apresentaram um projeto muito legal. A turma ficou muito empolgada com o futuro do tênis. Não é bem uma reestruturação, mas uma unificação, um plano muito legal. Claro que, desde que assumiram o cargo em janeiro, eles conseguiram fazer tudo menos trabalhar mais neste plano desde os incêndios na Austrália até a pandemia", revelou Soares.
O campeão de duplas do US Open contou que as discussões já foram retomadas e até fizeram parte da última reunião do Conselho de Jogadores da ATP, durante a segunda semana do Grand Slam disputado em Nova York. "O plano foi dividido em quatro fases, eles vão começar a fase um agora. Eu, particularmente, estou bem empolgado."
Soares, no entanto, acredita que o plano de unificação só será concretizado em 2022 ou 2023. "As primeiras mudanças devem acontecer em 2022, provavelmente 2023, em relação a torneios, calendário e reestruturação. Por enquanto, não teríamos mudança neste sentido. É mais para começar a estruturar, preparar todo este projeto para acontecer."
Sem poder revelar mais detalhes sobre o projeto, por questões de confidencialidade, o brasileiro confirma apenas que a união das entidades é uma questão de tempo. "O que posso adiantar é essa parte da unificação. Unir as entidades para fazer um trabalho em conjunto: ATP, WTA, ITF e os Grand Slams. Se conseguirmos unir estas forças, vamos ganhar um peso muito maior no cenário mundial, como esporte."
FEDERER E NADAL – Soares também contou que Federer e Rafael Nadal vêm participando ativamente das reuniões quase semanais do Conselho dos Jogadores da ATP, órgão que ganhou o noticiário no início do US Open por causa do anúncio de um grupo de tenistas para criar uma nova associação dos atletas. A iniciativa foi encabeçada pelo sérvio Novak Djokovic, que era justamente o presidente do Conselho de Jogadores.
Djokovic deixou a função e também o órgão, assim como outros dois jogadores. O Conselho está desfalcado agora de quatro tenistas. Bruno Soares, Federer e Nadal seguem no órgão, assim como o austríaco Jürgen Melzer e o taiwanês Yen-Hsun Lu.
"Federer e Nadal são muito ativos. Estávamos tendo reuniões ao menos uma vez a cada dez dias. Antes eram presenciais, mas agora têm sido pelo Zoom. Durante o US Open, tivemos uma reunião de três horinhas para falar um bocado de coisa", comentou o brasileiro.
Sem o sérvio, o Conselho agora é presidido pelo sul-africano Kevin Anderson, que era o vice de Djokovic. O órgão deve ser renovado no início de 2021, quando haverá nova eleição, durante o Aberto da Austrália.