Estadão

Sob críticas de bispos americanos, Biden e o papa buscam fortalecer laços

Quando o presidente americano, Joe Biden, visitar o Vaticano nesta sexta-feira, 29, ele será o terceiro mandatário dos EUA a se reunir com o papa Francisco desde 2013. Cada um marcou uma fase distinta não apenas do papado, mas também da convulsão política nos Estados Unidos e na Igreja Católica Romana.

O ex- presidente Barack Obama compartilhou o magnetismo global de Francisco, além da afinidade por pautas como mudança climática, imigração e pobreza. O ex- presidente Donald Trump, cujo cristianismo chegou a ser questionado pelo papa Francisco, deu início a uma era populista que ajudou a marginalizá-lo.

Agora Biden, um católico que raramente perde a missa dominical, chega em um momento em que a polarização política na América penetrou profundamente a Igreja Católica. O presidente e o papa, que compartilham terreno comum em muitas questões, tornaram-se alvos frequentes de poderosos bispos americanos conservadores que buscam miná-los.

Os mais hostis entre eles, indicados pelos predecessores conservadores de Francisco, ignoraram ou resistiram aos esforços do papa para reorientar as prioridades da Igreja em direção à inclusão e justiça social e travaram uma guerra cultural em torno de questões como o aborto e os direitos LGBT.

Eles ampliaram suas críticas a ambos por meio de uma constelação conservadora da mídia católica que é amiga de Trump. Apesar de um aviso claro do Vaticano, eles têm buscado negar a sagrada comunhão aos políticos católicos romanos que apoiam o direito ao aborto – incluindo Biden.

Autoridades e especialistas do Vaticano disseram duvidar que o antagonismo dos bispos americanos surgisse na audiência privada entre Francisco e Biden, afirmando que, em vez disso, os dois devem discutir questões como a mudança climática, a pobreza e o fim da pandemia. Francisco provavelmente pressionará o presidente a aumentar a distribuição da vacina contra o coronavírus em país mais pobres, e ele raramente perde a chance de falar contra o tráfico de armas e as consequências da guerra.

Esse não será o primeiro encontro entre Francisco e Biden. Como vice-presidente, o democrata acompanhou o papa em várias paradas durante sua viagem aos EUA em 2015. Francisco consolou pessoalmente Biden pela perda, à época recente, de seu filho, Beau.

Biden, educado por freiras em escolas católicas, disse que havia pensado em entrar no sacerdócio várias vezes, e uma vez disse que "enfiaria seu rosário" goela abaixo do próximo republicano que desafiasse sua fé.

Ele conheceu o papa João Paulo II quando era um jovem senador e teve uma longa reunião com o Papa Bento XVI em 2011, na qual eles discutiram a doutrina católica, especialmente em questões politicamente divisórias, como o aborto. "E, a propósito, ele não era crítico. Ele estava aberto. Saí animado com a discussão ", disse ele à revista <i>America</i> em 2015. Mas claramente era Francisco quem mais falava com ele. "Estou muito animado com este papa", disse Biden à época.

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