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Sob segredo de Justiça, perícia do acidente já começou

A tela do computador da sala de operações da Base Aérea de Santos indicava que o dia seria “chuvoso e nublado”, com a temperatura oscilando entre 13°C e 20°C. Na segunda resolução, a informação adicional – nevoeiro súbito, vento forte. Nada, porém, capaz de impedir as operações de pouso e decolagem. Passava pouco das 9 horas.

O experiente piloto Geraldo Cunha, ex-comandante comercial da TAM, tinha sob comando um notável jato executivo de até 12 lugares – o modelo usado por Eduardo Campos era configurado para nove passageiros, com mais um assento dobrável, adicional -, o Cessna 560 XL, Citation. No mundo há cerca de 580 unidades desse bimotor de médio porte.

Robusto, com poderosos motores Pratt & Whitney 500 e recursos eletrônicos de última geração, ele podia cobrir 3.900 quilômetros sem escalas na velocidade de cruzeiro de 850 km/h. A Força Aérea Brasileira emprega versões eletrônicas do Citation para calibragem de seus sistemas de orientação do tráfego.

Segundo dois oficiais da aviação militar ouvidos pelo jornal “O Estado de S. Paulo”, o comandante Cunha tomou a decisão de abortar o pouso e de arremeter, provavelmente ao não localizar visualmente o eixo da pista de 1.400 metros, talvez em meio à chuva fina e à névoa rasteira. O que houve depois, acreditam os militares, será conhecido só por meio da investigação e da perícia.

A hipótese de que tenha havido esforço excessivo das turbinas, exigidas ao máximo durante a arremetida, era considerada pouco provável entre prestadores de serviços de manutenção de aeronaves da mesma classe do Citation. O fenômeno, raro, ocorre quando o motor supera seu limite e perde potência, em vez de ganhar força de empuxo.

Na quarta-feira, 13, mesmo o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aéreos (Cenipa) começou a trabalhar. O levantamento é protegido por sigilo de Justiça. Nos termos da lei assinada pela presidente Dilma Rousseff, a polícia e o Ministério Público precisam de autorização judicial para ter acesso ao processo, ouvindo, antes, o próprio Cenipa. O cuidado é justificado como forma de preservar a investigação da causa e de aprender com ela, sem necessariamente apurar as responsabilidades.

Registros

O PR-AFA tinha caixas-pretas. O dispositivo acumula dados em uma espécie de disco rígido. O sistema terá armazenado a conversa entre os pilotos e os contatos com os controladores. Informações a respeito dos freios, asas, fuselagem, dos motores e dos movimentos realizados são reunidos do Módulo de Captação. A unidade resiste a impactos de 15 toneladas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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