Independente da torcida, a morte prematura de Sócrates Brasileiro Sampaio de Souza Vieira de Oliveira, o Doutor ou Magrão, na madrugada de domingo, vítima de uma infecção generazliada, causa tristeza em todo o mundo esportivo brasileiro e mundial. Craque do final dos anos 70 e 80, notabilizou-se pela forma simples e inteligente de jogar futebol, a maior paixão nacional. Por essas coisas da vida, escolheu – se é que alguém escolhe – para morrer no dia em que seu time de coração, aquele que lhe projetou mundialmente, se sagraria pentacampeão brasileiro. O Pacaembu, estádio que recebeu Corinthians e Palmeiras, no último jogo do campeonato, acabou por ser o palco maior de todas as homenagens a um dos maiores jogadores que a atual geração de torcedores viu em campo.
Mas Sócrates, médico por formação, não se limitou às quatro linhas do gramado. Muito mais do que isso, foi um líder político que marcou posição de destaque no Brasil pós ditadura militar. Numa época em que jogador de futebol mal se manifestava publicamente, liderou o movimento denominado “Democracia Corinthiana”, revolucionando a gestão do clube naquele período. Ajudou o time a conquistar três títulos paulistas e foi o maestro, junto com Falcão e Zico, de uma das melhores seleções brasileiras da história: o time de 1982, comandado por Telê Santana, com certeza, apesar de não ser campeão, é emblemático pelo jeito de jogar: o futebol-arte, que muito supera o futebol de resultados que, curiosamente, neste domingo deu o título ao Corinthians.
Mas Sócrates também não fez política somente dentro de seu clube. Foi além. Quando o Brasil pediu eleições diretas para presidente, no movimento histórico Diretas-Já, vestiu a camisa do povo, subiu no palanque, pregou a democracia como poucos. Foi um grande líder dos tempos modernos. Não se candidatou a qualquer cargo político. Fez política com seu jeito simples e honesto de ser. Coerência em suas convicções acima de qualquer suspeita.
Infelizmente, o senhor da bola padeceu vítima de uma doença desencadeama por uma de suas paixões: a cervejinha de todo santo dia. O alcoolismo prevaleceu. E, como o Doutor sempre fez questão de frisar em suas últimas aparições públicas, seu exemplo – esse negativo – deve ser encarado de forma séria por toda a sociedade. Ou seja, na alegria e na tristeza, o Magrão fez história. Deixa muita coisa para nós, principalmente, a busca incessante pelo estado democrático.