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Sorocaba cria força-tarefa e ajuda trazer moradores retidos pela guerra em Israel

Quinze moradores de Sorocaba (SP) que ficaram retidos em Israel após os ataques do grupo terrorista islâmico Hamas, entraram em contato com a prefeitura da cidade paulista pedindo ajuda para voltar ao Brasil. O município criou uma força-tarefa para oferecer apoio humanitário aos brasileiros que foram afetados pela guerra em Israel. Foi disponibilizada inclusive uma linha pela rede social WhatsApp para agilizar os contatos.

Os integrantes do grupo embarcaram em um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) nesta terça-feira, 10, no aeroporto de Tel Aviv. De acordo com Rogério Barbosa da Silva, pastor evangélico que viajou com um grupo de 11 pessoas para uma festa religiosa na Terra Santa, estão sendo resgatadas primeiro as pessoas que precisam de cuidados especiais.

É o caso do pastor Romeu Barbosa da Silva Junior, que embarcou com sua mulher, Mirian Duarte da Silva, acompanhados pela médica Mara Gleyde. Romeu é paciente oncológico e depende de cuidados médicos. Mirian e Romeu foram surpreendidos pelos ataques quando passeavam por Jerusalém. Eles tiveram de se esconder em um bunker para se proteger das explosões.

Desde o ataque, o casal e a médica estavam em um hotel militar e não conseguiram voo regular para o retorno ao país. Familiares informaram sobre o serviço criado pela prefeitura e eles entraram em contato.

Orientado pelo pai, que mora em Sorocaba, o jogador de futebol Lucas Spina Salinas, de 27 anos, meio-campo do FC Ashdod, clube de primeira divisão de futebol israelense, entrou na rede social criada pelo município para pedir ajuda. Ele relatou que Ashdod fica a 50 km de Gaza, mas foi atingida por foguetes.

Lucas contou que havia viajado com o time para Nazaré, no norte de Israel, e jogaria no dia seguinte. "Estávamos concentrados no hotel quando as sirenes da cidade começaram a soar. O pessoal do clube decidiu que seria melhor voltarmos e, no caminho, vimos muitos mísseis sendo interceptados, barreiras, muita polícia pelas ruas", disse.

Ele acabou se refugiando em um bunker com outros jogadores e decidiu sair do país. "Foi muito complicado, mas felizmente estamos bem. Com a ajuda da prefeitura, fiz o cadastro para o voo da FAB e acho que vamos sair daqui para um lugar seguro", disse. Antes, ele havia comprado uma passagem para Portugal, mas o voo foi cancelado.

<b>Sorocabanos em viagem para Israel e a Terra Santa</b>

O prefeito de Sorocaba, Rodrigo Manga (Republicanos) disse que muitos moradores viajam a turismo para Israel e a Terra Santa. "Quando soubemos dos ataques na noite de sábado, sabíamos que muitos sorocabanos estavam lá. A gente entende que nessa hora é mais fácil falar com o prefeito do que com o Itamaraty, por isso criamos a comissão e abrimos um canal para comunicação rápida", explicou.

Assim que as pessoas contataram o serviço, os integrantes da comissão e o próprio prefeito assumiram a interlocução com o Itamaraty. "Usamos os canais de acesso que já temos com Ministério das Relações Exteriores e outros órgãos do governo. Falamos até com deputados para acelerar a repatriação, inclusive de pessoas de outras cidades que nos procuraram", disse Manga.

Segundo a prefeitura, os 15 brasileiros que moram em Sorocaba já conseguiram embarcar em voos da FAB. O município ofereceu também apoio à cidade israelense de Shaar-Hanegev, considerada cidade-irmã de Sorocaba desde a década de 1980.

A cidade israelense fica próxima da Faixa de Gaza e seu prefeito, Ofir Liebstein, morreu durante os ataques do Hamas. Ele teria sido baleado ao tentar evitar o sequestro de crianças pelos terroristas. "Estamos nos solidarizando com os cidadãos de Shaar Hanegev e vamos homenagear o prefeito vitimado pela guerra", disse Manga.

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