Mundo das Palavras

Sororidade: aliança, não concorrência, entre mulheres

As relações competitivas e agressivas que as mulheres mantêm entre si foram comprovadas por uma espantosa quantidade de evidências surgidas recentemente, revelou a antropóloga Sarah Blaffer Hrdy, no artigo introdutório da edição de 2013 da revista “Philosophical Transactions of the Royal Society”,  dedicada exclusivamente a este tema.  
 
A mesma  cientista, em 2010, ao se dedicar a este assunto, havia concluído que sobre tal competitividade existia apenas uma sensação intuitiva, não comprovada cientificamente. Para ela, as evidências apareceram posteriormente devido ao aperfeiçoamento das técnicas de pesquisas, assim como ao aumento do interesse pelo assunto, decorrente do ingresso de muitas mulheres em áreas científicas antes dominadas pelos homens.
 
Nesta edição da revista, duas outras cientistas publicaram um ensaio no qual mostraram como ocorreu a evolução da competição entre mulheres. A psicóloga evolucionista da Universidade de Durham, Anne Campbell, e a pesquisadora do Instituto de Biologia Integrativa da Universidade de Liverpool, Paula Stockley, situaram a competitividade entre mulheres no quadro vasto dos comportamentos instintivos e naturais. 
 
Para elas, “as fêmeas competem por recursos necessários para sobrevivência e reprodução e, também, pelos machos de sua preferência”. Elas acrescentaram que embora os homens também possam ser maus na concorrência que estabelecem entre si, as mulheres tem maior propensão para serem malvadas com elas mesmas, agindo, porém, de modo mais sutil. E concluíram: os riscos de retaliações só se reduzem quando as mulheres formam grupos de aliadas com o intuito de rivalizar com outros grupos femininos. 
 
Hoje, três anos depois desta edição da revista, os movimentos feministas apostam união ampla das mulheres. E querem a desconstrução da ideia de que elas sejam necessariamente rivais. Integrantes destes movimentos defendem e propagam a sororidade, definida pela cientista social Susana Beatriz Gamba, no Dicionário de Estudos de Gêneros e Feminismos, como “uma experiência subjetiva entre mulheres na busca por relações positivas e saudáveis, na construção de alianças existencial e política com outras mulheres”. 
Com estas alianças – assegura Gamba -, as mulheres ajudarão a eliminar todas as formas de opressão. E, cada uma delas poderá alcançar seu próprio “empoderamento vital”. 
 
Portanto, no lugar de agressões mútuas, maior poder às mulheres. 
 
Para a jornalista Giovanna Tavares, do Portal das Madalenas, uma mulher pode “enxergar-se na outra mulher, reconhecer nela as próprias fraquezas, opressões, julgamentos, dores, virtudes, força”. Ela garante: graças à compreensão mútua, todas poderão se conscientizar de que são vítimas dos próprios preconceitos.
 

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