A SP-Arte/2016 vai ser inaugurada nesta quarta-feira, 6, no Pavilhão da Bienal, no Parque do Ibirapuera, sob um clima inegável de incerteza. “Acho que a crise, na dimensão que está hoje, econômica, política, social, gera uma grande angústia, mas, por outro lado, a natureza do brasileiro é mais otimista”, responde a diretora e criadora do evento, Fernanda Feitosa, à primeira e incontornável pergunta que se faz a ela sobre a realização da 12ª edição da feira internacional de arte de São Paulo, que contará com a participação de 124 galerias brasileiras e estrangeiras e terá como novidade um segmento dedicado ao design.
“A diminuição no mercado de arte no Brasil já começou no final de 2014”, afirma Fernanda Feitosa – e a SP-Arte daquele ano, considerada muito boa, assim como as de 2012 e 2013, registrou cerca de R$ 250 milhões em negócios. Entretanto, estima-se uma redução de “10 a 12%” de vendas na feira em 2015. A presença de galerias estrangeiras também teve queda em 2016 – na edição anterior, do total de 140 participantes, 57 eram do exterior e este ano, são 39 representantes de outros países. “O Brasil saiu um pouco agora dos holofotes, o câmbio aumentou, é um impacto bastante absorvível”, diz a diretora, frisando a participação de representantes internacionais de destaque, como as norte-americanas David Zwirner e Gagosian, as britânicas White Cube e Lisson, as italianas Continua e Cardi, e a mexicana kurimanzutto.
Outra “redistribuição” foi também o enxugamento no orçamento da SP-Arte: de R$ 5,7 milhões em 2015, com R$ 1,5 milhão captado via Lei Rouanet, o evento de 2016 teve aprovação do Ministério da Cultura para captar R$ 4,9 milhões e conseguiu angariar R$ 1 milhão de recursos incentivados – o restante do montante total, como conta Fernanda Feitosa, é completado pelas receitas da própria feira.
Contudo, assim como o circuito de arte de São Paulo consegue se reformular neste cenário de incertezas, apostando em diferentes iniciativas – como mudanças de endereços, abertura de novos espaços e vale citar que, segundo organizadores, são 137 eventos paralelos à feira, entre aberturas de exposições, lançamentos de livros e a realização do Gallery Night nesta segunda-feira, 4, e na terça, 5, na Vila Madalena e nos Jardins, respectivamente -, a SP-Arte/2016 vai ocupar os quatro andares do Pavilhão da Bienal com seus programas, manter a isenção de 18% do ICMS para vendas e experimentar a criação de um segmento com 23 expositores de peças de design brasileiro moderno e contemporâneo.
No setor Geral, galerias estrangeiras e brasileiras, como Luisa Strina, Nara Roesler, Fortes Vilaça, Raquel Arnaud, Luciana Brito, Mendes Wood D.M, Vermelho, Millan, Anita Schwartz e Celma Albuquerque, exibem as obras de seus artistas cotadas em variadas faixas de preço (e chegando à cifra milionária), mas a feira também realiza seus projetos curados, que abrem espaço para galerias jovens (entre elas, Sé, e Boatos Fine Arts).
O setor Solo, com curadoria de Luiza Teixeira de Freitas, é dedicado a mostras individuais – e há também o Showcase. Já o Open Plan apresentará instalações comissionadas de criadores selecionados por Jacopo Crivelli Visconti. Mais ainda, o setor Performance tem parceria com o Centro Universitário Belas Artes, e o ciclo de palestras (como a do arquiteto Jean Nouvel) é promovido com a revista Arte!Brasileiros.
SP-ARTE/2016
Pavilhão da Bienal. Av. Pedro Álvares Cabral, s/nº, portão 3, Parque do Ibirapuera. 5ª a sáb., 13h/21h; dom.,11h/19h. R$ 40. Abertura quarta para convidados
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.