A SP-Arte chega à sua 15ª edição oferecendo à cidade um pouco de tudo: traz tendências do mercado de arte internacional, como seções de design e de performance, além dos artistas mais proeminentes da atualidade, sem deixar de lado, contudo, autores considerados clássicos, muito conhecidos e valorizados pelo grande público. No maior festival de arte da América Latina, pode-se admirar – e adquirir – obras de autores consagrados, dos modernos aos contemporâneos.
Exemplos para ilustrá-los não faltam. Entre os brasileiros ligados à arte moderna, pode-se destacar Tarsila do Amaral, Anita Malfatti, Cândido Portinari e tantos outros. Entre os estrangeiros de tal momento histórico, vem à cabeça um nome muito conhecido: o do espanhol Pablo Picasso. Beatriz Milhazes, Adriana Varejão, Hélio Oiticica e Ernesto Neto, autores nacionais, são famosos pela atuação na arte contemporânea, assim como a colombiana Doris Salcedo e o alemão Thomas Schönauer. Todos os citados têm obras expostas na SP-Arte.
Mas, afinal, qual a diferença entre a arte moderna e a contemporânea? A realidade é que não há consenso absoluto sobre a definição e duração de cada uma delas, embora seja possível traçar características importantes em relação aos dois conceitos.
A curadora Denise Mattar define uma marca da arte contemporânea: dar ao artista a possibilidade de misturar diferentes formas de fazer arte, no momento da criação. “Sobre o período, a rigor, arte moderna seria da Semana de 22 até o final dos anos 1950; aí, vem a contemporânea”, completa.
Proprietário da Galeria Nara Roesler, Alexandre Roesler diz que a grande diferença entre as artes moderna e contemporânea, embora de maneira genérica, é que a primeira trabalhava mais com obras de caráter figurativo. “Usavam esculturas em pedestais e materiais mais tradicionais, como tinta a óleo, mármore, bronze etc.”
Flávio Cohn, da Dan Galeria, diz que a arte moderna é a contemporânea do passado. “Quando nasceu, olhava para o passado com o mesmo respeito que temos hoje.”
O momento posterior é marcado, por sua vez, entre outras características, pela habilidade de se utilizar materiais menos convencionais, como plástico, acrílico e ferro. “Ocorre uma verdadeira contaminação entre as mídias”, afirma Denise. Antonia Bergamin, da Galeria Bergamin & Gomide, pondera: “Difícil classificar alguma coisa, existem vários artistas que transitam entre os dois mundos.”
Via de regra, obras de artistas modernistas são bastante caras. Isso explicaria a mudança no mercado de arte, notada por galeristas. “Hoje, há uma tendência de atualização, com uma busca maior da arte contemporânea”, afirma Cohn. O público que investe em obra de arte estaria mudando – mais jovem, tem preferido investir em novos talentos para começar a formar uma coleção.
Uma obra de arte contemporânea – e claramente não convencional – está exposta na SP-Arte 2019, mais especificamente no estande da Galeria Bergamin & Gomide. Trata-se de uma criação sem título de Doris Salcedo, artista que preencheu de cimento uma velha cômoda. “Sai do propósito de uso, é a utilização de um objeto que não tem mais aquela função”, diz Antonia. “Os artistas conceituais, como Doris, pensam uma ideia e a transmitem sem usar palavras. É uma coisa diferente do que se estava acostumado a ver: pessoas usando a arte para retratar a realidade.”
SP-ARTE 2019
Pavilhão da Bienal. Parque do Ibirapuera. Avenida Pedro Álvares Cabral, s/n, portão 3. De 4 a 6 de abril, das 13h às 21h; e 7 de abril, das 11h às 19h (preview no dia 3 de abril, exclusivo para convidados). Entrada: R$ 50 (meia-entrada a R$ 20); gratuito para crianças de até dez anos.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.