Líder nas pesquisas de intenção de voto, o prefeito de São Paulo e candidato à reeleição Bruno Covas (PSDB) foi o alvo dos principais adversários no debate realizado pelo <i>Estadão</i> nesta terça-feira, 10. O encontro também foi marcado por embates de Celso Russomanno (Republicanos) com os demais concorrentes, como Arthur Do Val (Patriota), Guilherme Boulos (PSOL) e Jilmar Tatto (PT).
Na última pesquisa Ibope, Covas abriu 19 pontos de vantagem em relação ao segundo colocado, Boulos, que está em empate técnico com Russomanno e Márcio França (PSB). O tucano foi o principal alvo de críticas dos candidatos do PSB e do PSOL, que criticaram medidas da Prefeitura na área de saúde, meio ambiente e atendimento à população de rua. O debate teve a presença dos seis candidatos com as melhores colocações nas pesquisas.
França sugeriu que há uma "condescendência" da Prefeitura com a quantidade de moradores de rua, e prometeu nomear apenas 1% dos cargos de confiança a que tem direito e, assim poupar dinheiro para investir em abrigos.
"Até parece que você entrou na política agora, você foi governador do Estado de São Paulo e não cortou os cargos comissionados", respondeu Covas. Ele disse que o oponente tinha de explicar obras paradas que teria deixado no governo estadual.
Já Boulos criticou o planejamento urbano e a política de cuidados com o meio ambiente da Prefeitura. "O seu governo e o do Doria estão totalmente atrasados nos planejamentos que foram feitos", disse Boulos. "São Paulo ainda está no século 19, no tempo dos aterros sanitários."
Em queda constante nas últimas pesquisas, Russomanno trocou ataques acalorados principalmente com Arthur Do Val. Membro do MBL, o candidato do Patriota questionou Russomanno sobre gastos de seu gabinete na Câmara dos Deputados. "Por que o senhor gasta R$ 4 mil por mês com linha telefônica?", perguntou.
"Você era um bebê quando eu comecei a trabalhar com direito do consumidor", disse Russomanno, que justificou o gasto com o atendimento a pessoas que fazem reclamações por serviços prestados. Ao longo do debate, o candidato do Republicanos ainda disse que o oponente deveria "colocar o rabo entre as pernas" ao se dirigir a ele.
"Acho que deu para ver o nível dos candidatos", respondeu Do Val, já no fim do debate. Ele chegou sugerir que Russomanno teria tomado um "Red Bull" durante o intervalo e uma bronca do marqueteiro. "É água", respondeu Russomanno, fora do microfone.
Russomanno também protagonizou embate com o petista Jilmar Tatto e terminou acusado de "não gostar de pobres" quando discutiram sobre fiscalização do trânsito. O candidato do Republicanos acusou o adversário de ter criado a "indústria de radares" quando foi secretário de Transportes de Fernando Haddad e que Tatto "diminuiu a velocidade para multar as pessoas". Tatto disse achar que o rival "não acompanhou a administração do Haddad".
"Eu sei que o governo que o senhor apoia não se importa muito com essa coisa das pessoas serem acidentadas, morrerem. O que fizemos foi reduzir as velocidades para reduzir o número de acidentes e mortes", continuou o petista. Russomanno argumentou então que Tatto "acabou com a estrutura da CET". O ex-secretário rebateu: "o que eu posso falar pro Celso Russomanno… Ele não gosta de pobres. Quando a CET e a SPTrans fazem uma faixa de ônibus, ele não se importa com o coletivo."
No fim do debate, Russomanno e Boulos tiveram um confronto indireto. Em uma pergunta sobre violência contra mulher, em que iria comentar a resposta com Márcio França, o candidato do Republicanos usou seu tempo para se defender de acusações das quais tem sido alvo ao longo da campanha, em especial vindas do adversário do PSOL, de ter "humilhado uma caixa de supermercado".
A acusação é um vídeo do programa de TV de Russomanno em que ele tenta comprar palitos e papéis higiênicos avulsos. O assunto já motivou processo judiciais entre as duas campanhas. "Gostaria de falar sobre acusações de que humilhei uma caixa de supermercado. Quem foi humilhado foi uma criança de oito anos de idade. O Boulos sacou um pedacinho para dizer que eu estava humilhando o pequeno. Eu estava lidando com uma grande rede, o Carrefour", afirmou. Boulos, que não estava na vez de se manifestar, terminou não comentando o caso.