Com previsão de 250 mil casos de dengue em 2016, mais do que o dobro do registrado neste ano, a Prefeitura de São Paulo prepara um plano de guerra contra a doença, que vai incluir a entrada à força de agentes municipais em imóveis fechados ou cujos donos se recusarem a abrir as portas, monitoramento das redes sociais para verificar a disseminação da dengue, realização de testes rápidos para acelerar o diagnóstico e a aplicação massiva de um larvicida em cerca de 7 mil imóveis.
Para tentar diminuir o risco de mortes diante da possível epidemia, a Prefeitura vai também antecipar para janeiro ou fevereiro a montagem de dez tendas de atendimento em unidades de saúde para receber os doentes – neste ano, as estruturas foram montadas só em abril, quando o pico da doença já estava quase no fim.
“Estamos trabalhando com um cenário grave, a gente precisa ser explícito. Talvez a cidade de São Paulo nunca tenha tido um cenário desse”, disse ao Estado Alexandre Padilha, secretário municipal da Saúde. Neste ano, até outubro, a capital paulista registrou números recordes da doença: 100 mil casos e 23 mortes.
De acordo com Padilha, três fatores indicam uma epidemia mais grave no ano que vem: o aumento das temperaturas médias em São Paulo, o alto número de pessoas que nunca pegaram a doença na cidade e que, por isso, estão vulneráveis, e o possível agravamento da crise hídrica. “São Paulo sempre achou que a dengue não chegava e, por muito tempo, não chegou por causa das temperaturas da madrugada. Mas agora elas estão mais altas e o mosquito está mais adaptado”, explica.
Crise hídrica
Para o prefeito Fernando Haddad, o fato de a crise hídrica ter chegado ao Sistema Alto Tietê pode levar a um alto número de casos na zona leste. “Mesmo com a falta de água, as pessoas têm de cuidar das suas casas. Se começarem a comprar caixa dágua, baldes e latas para armazenar água e não tampar, vão aumentar os casos de dengue”, diz ele.
Segundo Padilha, a gestão tem observado que, entre pessoas que já tiveram a doença, o cuidado não é adequado. “Estamos realizando visitas nas casas de todas as pessoas que pegaram dengue neste ano e observado que cada uma tem, em média, dois focos de mosquito.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.