A Secretaria de Meio Ambiente de São Paulo fechou na quarta-feira, 1º, um acordo para que seja implantada a inspeção de veículos a diesel no Estado a partir de 2018. A medida atende a uma reivindicação antiga do Instituto Brasileiro de Proteção Ambiental (Proam), que objetiva o controle da qualidade do ar. As discussões envolveram também a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) e vários representantes da sociedade civil.
“A inspeção veicular obrigatória é uma necessidade urgente, porque a falta de manutenção dos veículos acaba provocando na metrópole um estado de poluição”, lembra o presidente do Proam, Carlos Bocuhy. Na avaliação do ambientalista, o governo do Estado, deu um passo importante “para suprir a lacuna de falta de um controle maior dos veículos a diesel”.
Ele aponta ainda que a emissão é grave não apenas por parte dos veículos pesados e automóveis. As motos também contribuem para agravar a situação da qualidade do ar. Conforme o presidente do Proam, a durabilidade dos catalisadores nas motocicletas é de apenas 18 mil km, mas os motoboys rodam por ano muito mais que isso. “Uma moto nova, num serviço de motofrete, supera os 18 mil km em três a quatro meses. Depois desse período, estará lançando a carga total de poluição, porque seu catalisador não funciona mais”, diz Bocuhy.
Os elevados níveis de poluição nas grandes metrópoles, como São Paulo provocam a morte de milhares de pessoas e geram gastos altos com a saúde pública. Um estudo feito por especialistas da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo aponta que a ausência de filtros adequados nos escapamentos dos veículos, do tipo retrofit, que retêm o material nocivo à saúde (a chamada fumaça preta), causa a morte de quatro mil a cinco mil paulistanos por ano, além de 17 mil em todo o Estado. A maioria é de crianças e idosos.
Outro cálculo mostra que os gastos do Estado de São Paulo por problemas de saúde decorrentes da poluição chegam a R$ 300 milhões por ano.
O presidente do Proam participou hoje, em Brasília, de uma reunião da Câmara Técnica de Controle Ambiental, ligada ao Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama), para discutir os padrões de qualidade do ar no Brasil. “Esses padrões estão defasados em 27 anos. São de 1990. Temos de rever os números, para que os processos de controle se tornem mais eficientes”, afirma Bocuhy.