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SP terá R$ 33 milhões para fase final da vacina contra dengue

O governador Geraldo Alckmin anunciou nesta quarta-feira, 1º de junho, que o Governo Federal irá liberar, nos próximos dias, uma segunda parcela de R$ 33 milhões para a fase final da pesquisa da vacina contra a dengue. O anúncio foi feito após encontro com o ministro da Saúde, Ricardo Barros, hoje, em Brasília.
 
“Nós estamos na terceira e última fase dos estudos para comprovação da eficácia e produção em escala da primeira vacina brasileira contra a dengue”, explicou Alckmin. “Será uma vacina tetravalente, contra os quatro sorotipos da doença, em uma única dose”, completou o governador. A pesquisa é conduzida pelo Instituto Butantan, um dos maiores centros de pesquisas biomédicas do mundo.
 
A terceira fase teve início em fevereiro deste ano e envolve 1,2 mil voluntários recrutados pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, maior complexo hospitalar da América Latina e um dos 14 centros credenciados pelo Butantan para a realização dos testes, que envolverão 17 mil participantes em todo o Brasil.
 
Os próximos centros a iniciarem a vacinação estão nas cidades de Manaus (AM), Aracaju (SE) e São José do Rio Preto (SP). As pesquisas acontecerão ainda em outras nove cidades: Porto Velho (RO), Boa Vista (RR), Recife (PE), Fortaleza (CE), Brasília (DF), Cuiabá (MT), Campo Grande (MS), Belo Horizonte (MG), e Porto Alegre (RS).
 
A vacina do Butantan, desenvolvida em parceria com o National Institutes of Health (EUA), é produzida com os vírus vivos, mas geneticamente atenuados, isto é, enfraquecidos. Com os vírus vivos, a resposta imunológica tende a ser mais forte, mas como estão enfraquecidos, eles não têm potencial para provocar a doença.
 
Nesta última etapa da pesquisa, os estudos visam comprovar a eficácia da vacina. Do total de voluntários, 2/3 receberão a vacina e 1/3 receberá placebo, uma substância com as mesmas características da vacina, mas sem os vírus, ou seja, sem efeito. Nem a equipe médica e nem o participante saberá se foi aplicada a vacina ou o placebo. O objetivo é descobrir, mais à frente, a partir de exames coletados dos voluntários, se quem tomou a vacina ficou protegido e se quem tomou o placebo contraiu a doença.
 
A estimativa do Instituto é que todos os participantes estejam vacinados dentro de um ano. Os resultados da pesquisa dependem de como será a circulação do vírus, mas o Butantan acredita ser possível ter a vacina disponível para registro até 2018.
 
Histórico
 
Em 2008, o Instituto Butantan firmou parceria de colaboração com os Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos (NIH, na sigla em inglês), passando a desenvolver, no Brasil, uma vacina similar a uma das estudadas pelo NIH, composta pelos quatro tipos de vírus da dengue.
 
Um dos grandes avanços do Butantan no desenvolvimento da vacina foi a formulação liofilizada (em pó), que garante a estabilidade necessária para manter os vírus vivos em temperaturas não tão frias, permitindo seu armazenamento em sistemas de refrigeração comum, como geladeiras, além de aumentar o período de validade da vacina (um ano).
 
O Instituto Butantan tem um fábrica de pequena escala para a vacina da dengue pronta e equipada para produzir 500 mil doses por ano, capacidade que pode ser aumentada para até 12 milhões de doses/ano com algumas adaptações industriais. O Butantan também tem em projeto a construção de uma planta de larga escala que poderá fabricar 60 milhões de doses/ano.
 
Ter a vacina desenvolvida e produzida por um produtor público nacional é uma vantagem competitiva para o Brasil, pois garante a disponibilidade do produto, permitindo a autossuficiência produtiva, além de garantir preços mais acessíveis.
 
Redução no número de casos da doença
 
O número de casos de dengue entre janeiro e abril deste ano no Estado de São Paulo foi 81% menor do que no mesmo período de 2015. É o que aponta balanço da Secretaria de Estado da Saúde, com base nos dados informados pelos municípios paulistas por intermédio do Sinan (Sistema de Informação de Agravos de Notificação). Foram 108.660 casos confirmados da doença nos quatro meses iniciais de 2016, contra 568.070 registrados no primeiro quadrimestre do ano passado.
 
O número de óbitos relacionados à doença também sofreu uma redução de 90%. No primeiro quadrimestre deste ano, o Estado de São Paulo registrou 44 mortes contra 403 no mesmo período de 2015.

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