O apetite dos micro e pequenos empresários (MPEs) em tomar crédito nos próximos 90 dias caiu de 11,25% em maio para 8,6% em junho, de acordo com indicador mensal calculado pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes (CNDL), divulgado nesta quinta-feira, 23. Segundo o levantamento, o indicador atingiu 11,65 pontos em junho ante os 16,36 pontos registrados em maio. O índice varia de zero a 100, sendo que quanto mais próximo de 100 maior é a probabilidade de os empresários procurarem crédito.
A pesquisa mostrou ainda que 34,25% dos empresários consideram que atualmente está “difícil” ou “muito difícil” ter crédito aprovado no Brasil, resultado um pouco acima do observado em maio deste ano (32,9%). No universo de empresários pessimistas, a burocracia é apontada por 43% como a principal razão do impedimento. Outros 37,2% culpam as altas taxas de juros praticadas no mercado para explicar a dificuldade em tomar crédito.
De acordo com a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, os empresários estão mais cautelosos por conta da percepção de que a crise econômica tem se agravado nos últimos meses. “Sem boas perspectivas diante da atividade econômica enfraquecida e da escalada dos juros, os empresários estão cautelosos e preferem não assumir compromissos de longo prazo. Desse modo, é comum que eles acabem utilizando os próprios recursos financeiros como alternativa aos empréstimos e financiamentos”, afirmou, em nota.
Baixo investimento
O levantamento mostrou ainda que os micro e pequenos empresários estão pouco interessados em aumentar investimentos em seus negócios, apenas 24,4% dos entrevistados pretende realizar algum investimento nos próximos 90 dias. O indicador de investimentos calculado pelo SPC Brasil e pela CNDL registrou 25,98 pontos em junho ante os 32,06 pontos observados em maio deste ano. Esse índice também varia de zero a 100 e quanto mais próximo de 100 maior é a propensão ao investimento.
Dentro da parcela dos empresários que se disse propenso a investir 70% cita os recursos próprios como fonte de financiamento. Apenas um quinto (20,5%) menciona empréstimos em bancos e financeiras como o recurso a ser utilizado.
Segundo o presidente da CNDL, Honório Pinheiro, ainda há um desconhecimento por parte desses empresários da existência de linhas de financiamento mais baratas e adequada ao perfil de suas empresas. “Para se ter uma ideia, a taxa média de juros cobradas em empréstimos para pessoa física chega a ser três vezes mais cara do que a cobrada em empréstimos com recursos do BNDES”, afirmou, em nota.
Os investimentos mais citados por esses empresários são reforma e ampliação da empresa (48,2%), compra de equipamentos e maquinário (38,5%), investimento em propaganda e comunicação (33,8%) e ampliação do estoque (33%).