A SPC Brasil e a Associação Comercial de São Paulo (ACSP) divulgaram notas na tarde desta terça-feira, 14, concordando com a avaliação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de que a alta de 0,5% nas vendas do varejo em abril ante março não significa um retorno do setor à estabilidade.
Para Roque Pellizzaro Junior, presidente da SPC Brasil, o aumento visto na Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), divulgada na manhã de hoje pelo IBGE, mostra sinais pontuais de melhora nas vendas. Ele alerta, porém, que os dados são insuficientes para falar em reversão da tendência de queda dos últimos meses. Em comparação com abril de 2015, a retração no varejo foi de 6,7%. No ano, a queda é de 6,9%. Alimentos, artigos domésticos e vestuário foram os responsáveis pela alta registrada pelo IBGE.
“As vendas no varejo têm sido influenciadas negativamente pelo desaquecimento da economia, aumento do desemprego e seu impacto sobre a renda e a confiança do consumidor”, avalia Pellizzaro Junior, que também cita a inflação ainda em níveis acima da meta, o que corrói o poder de compra do consumidor. Para ele, o brasileiro ainda está cauteloso quando o assunto é consumo. “Com a confiança do consumidor em baixa e com os bancos e comércio mais criteriosos na concessão de financiamentos, a evolução do crédito na economia é mais fraca”, afirma.
O presidente da Associação Comercial, Alencar Burti, também não enxerga uma boa perspectiva para o varejo em 2016. Apesar da alta registrada em abril, o indicador do IBGE, segundo ele, apenas sinaliza o aprofundamento da crise no setor no primeiro quadrimestre do ano. “Março foi uma base de comparação fraca em decorrência do feriado da Páscoa. Com isso, as vendas de abril tiveram mais espaço para crescer sobre o mês anterior. O aumento foi meramente circunstancial, provocado pelo efeito calendário”, justifica.
Burti, no entanto, observa que os índices de confiança indicam leve melhora na percepção do consumidor, o que pode se reverter em queda mais branda do varejo nos próximos meses.