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Spielberg conta a Scorsese os motivos que o levaram a fazer Os Fabelmans

"Tenho sido muito reservado sobre minha vida privada e nunca trouxe a público minhas histórias até agora", disse o diretor Steven Spielberg quando se encontrou com o colega Martin Scorsese, em dezembro, em sessão de perguntas e respostas após uma exibição de Os Fabelmans no DGA Theatre, em Nova York.

Foi a ameaça existencial da pandemia de covid, em sua forma mais letal em 2020, que o convenceu a levar sua história familiar muito pessoal para a tela grande no filme Os Fabelmans, que estreia nesta quinta-feira, 12. A informação é do site Deadline.

"O que pensei foi: se eu tivesse de fazer mais um filme, se eu tivesse de contar mais uma história, qual seria essa história? Foi por essa razão que decidi colocar isso em produção", explicou. "Minha mãe e eu guardamos um segredo por muito tempo, e ela sempre me dizia: Nossa, Steve, esse seria um filme realmente incrível. Por que você não faz isso algum dia? Então, ela veio até mim de um lado e (o roteirista e dramaturgo) Tony Kushner, que ouviu as histórias e estava realmente pressionando por isso, de outro."

No filme, o aspirante a cineasta adolescente Sam Fabelman é interpretado por Gabriel LaBelle, enquanto Michelle Williams e Paul Dano são seus pais.

<b>Perda e solidão</b>

Questionado sobre a origem do filme, Spielberg disse a Scorsese que os sentimentos de perda e solidão, depois que seus pais morreram, o fizeram nos últimos anos a levar realmente a sério sua história. Ele e Kushner escreveram o roteiro. "Mas eu não tinha nenhuma intenção de fazê-lo e ficaria feliz em colocá-lo em uma gaveta. Mas a covid me deu muito tempo para pensar sobre o caso. E especialmente quando a pandemia estava muito ruim, no momento em que perdemos 500 mil americanos, sem falar em milhões em todo o mundo."

Scorsese também queria saber mais detalhes sobre uma história de fundo, que conta com a participação especial de David Lynch interpretando John Ford, uma inspiração para Sam Fabelman. Ford oferece um conselho breve, mas memorável, no final do filme e no início da carreira do jovem.

"Eu estava atrás de um ator que conheci pessoalmente e ia pedir a ele para fazer o papel de Ford", contou Spielberg. Antes disso, o marido de Kushner, Mark Harris, sugeriu perguntar a David Lynch "e uma lâmpada acendeu".

Lynch ficou muito lisonjeado, mas recusou. "Ele disse que não era ator e tinha outros projetos, e como John Ford era tão bom, o que faria se não alcançasse tais padrões? Ele era meio tímido sobre isso."

Lynch abrandou quando soube que Spielberg e sua mulher se tornaram entusiastas da meditação transcendental por meio da fundação de Lynch. Mas ele ainda sustentou a negativa. "Então, procurei sua melhor amiga, Laura Dern. Você tem de convencer David a fazer isso. Você tem duas semanas para convencê-lo , eu disse a ela."

Quando os dois diretores voltaram a se falar, Lynch disse: "Decidi que vou viver esse papel sob uma condição: quero comprar o traje duas semanas antes da filmagem para já ir me adaptando". Spielberg respondeu: "Quer dizer que você vai usá-lo?" Ele disse: "Sim, todos os dias. O chapéu, o tapa-olho, tudo". "E ele apareceu com um figurino bem surrado", completou Spielberg.

"E o tempo que ele leva para acender aquele charuto?", perguntou Scorsese, sobre o processo comicamente lento. "Essa é uma das coisas que todos sabemos sobre a mágica da edição de filmes, você pode fazer qualquer coisa durar o quanto quiser", acrescentou Spielberg.
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>

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