A poucas semanas da mudança no funcionamento do cartão de crédito em abril, o Banco Central anunciou nesta manhã que bancos voltaram a aumentar o juro cobrado no rotativo e no crédito parcelado. O chefe do Departamento Econômico do BC, Túlio Maciel, explicou que o movimento foi gerado pela elevação da margem dos bancos, o chamado spread, o que reflete o perfil do cliente que usa esse dinheiro e a composição do crédito oferecido pelos bancos.
“Entendo que as mudanças das taxas de juros estejam refletindo o spread e também o perfil de tomadores. No caso do cartão, não temos informações sobre o perfil do tomador”, disse Maciel, ao ser questionado sobre o aumento do juro nessa operação em um ambiente de queda da taxa Selic e redução da inadimplência. Para o técnico, bancos aumentam o spread como resultado da mudança dos créditos concedidos – com maior peso de operações mais arriscadas – e mudança no perfil dos tomadores – também com maior risco ao banco.
Operações mais arriscadas para um banco são aquelas com menos garantias. Um financiamento imobiliário, por exemplo, é um crédito mais seguro para o banco porque o imóvel é a garantia em caso de calote. Já o risco de oferecer crédito rotativo ou cheque especial é muito maior porque não há ativos a serem dados como garantia.
Já o perfil do tomador é uma informação atribuída pelos bancos à capacidade de pagamento de cada cliente. Quanto maior a capacidade financeira, melhor é a nota do consumidor e, assim, menor será o juro cobrado porque a operação tende a ser menos arriscada. Por outro lado, quando a capacidade financeira é pior, o perfil do cliente é ruim e bancos cobram juros maiores.
O técnico do BC lembrou ainda que a taxa de captação dos bancos – custo das instituições para tomar dinheiro no mercado – caiu em janeiro. Ou seja, isso não explica o aumento do juro ao consumidor.