O Santander Brasil informou que Sérgio Rial renunciou ao cargo de presidente do conselho de administração do banco, e também aos postos nos comitês de assessoramento ao conselho que ele integrava. O pedido de renúncia foi entregue pelo executivo nesta sexta-feira, 20. Até então presidente do conselho de administração do banco, Rial entregou sua renúncia dias após o estouro dos problemas da Americanas, que ele informou ao mercado menos de duas semanas após assumir o comando da varejista.
Desde a revelação do rombo, a Americanas vive uma crise sem precedentes. Em cerca de uma semana, a companhia teve de abrir negociações com os bancos credores. Em um primeiro momento, Rial assessorou os acionistas de referência da varejista nestas negociações, mas acabou deixando esse posto com a contratação do banco Rotschild.
Rial deixou o posto de CEO do Santander no início do ano passado, sendo sucedido por Mario Leão. Deixou o cargo rumo ao posto de chairman com uma série de recordes de resultado, que fizeram seu nome frequentar as bolsas de apostas para cargos executivos na Espanha, e com o Santander Brasil na posição de maior gerador de resultados do Grupo em todo o mundo.
Diante de sua ida para um posto executivo na Americanas, empresa que é cliente (e devedora) do banco, o executivo ficou impedido de atuar em questões relacionadas à companhia dentro do banco, segundo apurou o Estadão/Broadcast. Rial participa de outros conselhos. No da BRF, por exemplo, é vice-presidente sob a batuta de Marcos Molina, acionista relevante da empresa e controlador da Marfrig, empresa que o próprio Rial já presidiu.
Na Americanas, sua chegada criou expectativa e fez as ações dispararem na Bolsa com seu anúncio, em agosto do ano passado. O mercado tinha em mente justamente a reestruturação que o executivo fizera na Marfrig, bem como o salto de rentabilidade que o Santander deu sob sua gestão.
<b>Caso Americanas</b>
Rial assumiu a varejista no começo de janeiro, mas ficou apenas nove dias no cargo. Renunciou diante da descoberta de um rombo contábil da ordem de R$ 20 bilhões, que se desdobrou, nos dias seguintes, em uma crise que levou a Americanas à recuperação judicial, com dívidas de R$ 43 bilhões.
O intervalo de tempo entre sua chegada e a comunicação das descobertas ao mercado gerou uma série de especulações, que o próprio executivo tratou de rechaçar.
"Coube-me, como executivo-líder, primeiro entrevistar executivos remanescentes, questionar e entender quaisquer preocupações e novas perspectivas. Nessas conversas, informações e dúvidas foram compartilhadas e com o natural aprofundamento para entendê-las e dar-lhes direcionamentos conjuntamente com o novo CFO, Andre Covre, chegamos ao quadro do fato relevante com transparência e fidedignidade!", escreveu ele, em postagem nas redes sociais.
"Quaisquer especulações ou teorias distintas disso são leviandades. Eu jamais transigiria com a minha biografia" prosseguiu Rial. Após renunciar, ele atuou nos primeiros dias como assessor dos acionistas de referência, Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira, nas negociações com os bancos. Dias depois, o Rotschild passou a ocupar o posto.
Nas negociações, Rial tentou construir, segundo apurou o Estadão/Broadcast, um consenso em torno de um aporte de R$ 6 bilhões pelo trio de acionistas e outro, de igual magnitude, pelos bancos, que converteriam parte das dívidas da Americanas em ações. A ideia foi rechaçada, voltou a ser apresentada pelo Rotschild nesta semana, e foi novamente rejeitada.