Por mais que, neste momento de crise, seja importante a união das mais diferenças lideranças políticas da cidade, independente das cores partidárias, em nome da salvação do Hospital Stella Maris, algo precisa ficar claro: o que levou a instituição de caráter filantrópico a entrar em uma crise sem precedentes, que pode culminar em seu fechamento. Estima-se que o rombo nas contas do HSM chegue à casa dos R$ 45 milhões. A atual administração, em momento algum, por mais que tenha se aberto a falar sobre a crise, deixou claro os motivos de tamanho buraco.
Para muita gente, talvez a versão mais fácil de ser assimilada, a culpa maior caberia ao Sistema Único de Sáude (SUS), responsável por mais de 85% dos atendimentos do hospital, mas que tem uma tabela de pagamento de cada procedimento muito defasada em relação à realidade. Esta é uma justificativa que pode até fazer sentido até determinado ponto. Afinal, ninguém – seja em que negócio for – consegue se manter se os valores de entrada forem insuficientes para cobrirem os custos. Neste sentido, esse déficit leva qualquer um à bancarrota.
Mesmo que essa for a razão maior para a crise, é evidente que o hospital sofre de graves problemas administrativos. Os gestores do HSM, por mais bem intencionados que fossem, jamais poderiam ter deixado a situação chegar a um patamar tão desastroso. Neste caso, falharam também os órgãos públicos que deveriam ter fiscalizado as contas da insituição, que recebe dinheiro – principalmente do governo federal, por meio da Prefeitura.
Há ainda uma terceira hipótese – talvez a mais triste por se tratar de uma entidade filantrópica ligada diretamente à igreja católica – que ganha corpo e pode ser a real razão para tamanho déficit. O Ministério Público do Estado investiga, baseado em documentos apresentados por vereadores, o possível desvio de dinheiro por parte da irmandade que mantém o hospital. Caso isso venha a ser comprovado, de nada ou pouco adiantará a Prefeitura, o Governo do Estado ou o Governo Federal continuar colocando dinheiro lá dentro. Eles estariam apenas alimentando um círculo vicioso sem fim.
Desta forma, não há outra coisa a fazer neste momento que seja a abertura efetiva das contas. Que a irmandade mostre exatamente para onde estão indo as verbas que entram, por diferentes portas, no Stella Maris. Caso não haja transparência, será impossível para qualquer um desses atores promover algum tipo de ajuda.