O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), afirmou que vai se reunir com os líderes partidários e integrantes da Mesa Diretora a fim de decidir sobre um eventual relaxamento da prisão do líder do governo na Casa, Delcídio Amaral (PT-MS), no curso da nova fase da Operação Lava Jato. O peemedebista disse ter sido avisado que o Supremo Tribunal Federal (STF) vai antecipar o envio dos autos ao Senado para que o Legislativo tome sua decisão.
“O prazo para que o Supremo mande as informações para o Senado é de 24 horas, mas a informação que nós temos é que o Supremo vai antecipar, vai mandar antes das 12 horas as informações. Isso é muito bom, vamos aguardar as informações e o Senado, por sua maioria, vai decidir o que fazer”, disse Renan em tumultuada entrevista na sua chegada ao gabinete.
O peemedebista – que também é investigado pela Lava Jato – disse ter sido pego de surpresa. Ele destacou que não havia sequer investigação formal contra Delcídio.
Renan afirmou que a Casa vai se reunir num prazo “razoável” para definir sobre a prisão de Delcídio. Mas não disse o que entende por prazo razoável. Questionado se havia a possibilidade de o Senado, por maioria dos votos, conforme prevê a Constituição, reverter a prisão decretada pelo STF, o peemedebista não quis se manifestar.
“Não sei, não conversei com ninguém”, limitou-se a dizer. “Nós precisamos conhecer as informações e a caracterização da prisão, se houve flagrante ou não houve, o que, na verdade, ensejou a prisão, se as provas são legais, mas essa decisão não será tomada por mim, será tomada pelo Congresso Nacional”, avaliou.
Questionado se não teme ter o mesmo destino de Delcídio, o peemedebista encerrou a entrevista de forma irônica. “Muito agradável a entrevista”, disse, entrando logo em seguida no gabinete.
Instituição
O senador Paulo Bauer (PSDB-SC) disse que o Senado analisará a prisão de Delcídio Amaral pensando em preservar a instituição. Ele disse que a oposição ainda não tem um posicionamento sobre a votação porque tudo ainda é muito recente.
“Quando houve o episódio da cassação do senador Demóstenes Torres em 2012, o que se dizia era que se votava naquele momento para preservar a instituição. Não tenho dúvidas de que a maioria dos senadores pensa neste momento também na instituição”, afirmou.
O senador falou ao chegar para reunião com o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, para, segundo ele, apresentar sugestões sobre a reforma tributária. Ele disse que a prisão de Delcídio certamente atrapalhará ainda mais a tramitação de projetos do ajuste fiscal e orçamentários. O senador é um dos integrantes da Comissão Mista de Orçamento (CMO).
“O governo, que já tem grandes problemas, naturalmente tem mais um, muito grave e muito sério. Os assuntos que o governo tem tramitando no Senado e no Congresso não andam pela falta de coordenação política do governo, isso é visível, principalmente na CMO”, afirmou. “É cada dia mais uma errata, mais uma informação, e isso dificulta o trabalho dos relatores e a avaliação que temos que fazer da peça orçamentária”.
Bauer disse ainda que o governo precisará encontrar alguém que substitua Delcídio rapidamente para que os projetos continuem andando. A expectativa é que a presidente Dilma Rousseff anuncie o nome de um interino para o posto ainda nesta quarta.