Após oscilações bruscas nos dois dias seguintes ao escândalo Temer x JBS, o mercado de câmbio teve um dia mais “normal” nesta segunda-feira, 22, embora o cenário político tenha permanecido no topo das preocupações dos investidores. Após abrir mais pressionado, o dólar experimentou um alívio durante a tarde, mas ainda assim terminou com alta firme.
O dólar à vista no balcão subiu 0,60%, fechando a R$ 3,2716, após oscilar entre a mínima de R$ 3,2605 (+0,26%) e a máxima de R$ 3,3194 (+2,07%). O giro registrado pela clearing de câmbio da B3 foi de US$ 1,324 bilhão. O dólar futuro para junho avançava 0,51% por volta das 17h15, a R$ 3,2800. O volume de negócios era de US$ 21,509 bilhões. No exterior o dólar perdia terreno ante outras moedas emergentes e de países exportadores de commodities, como o rublo russo (-0,55%), a lira turca (-0,41%) e o dólar canadense (-0,18%).
A presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Cármen Lúcia, informou aos demais ministros que o pedido da defesa do presidente Michel Temer para suspender o inquérito contra o peemedebista será pautado para julgamento apenas após a conclusão da perícia nos áudios gravados pelos empresários da JBS.
A defesa de Temer havia pedido a suspensão do inquérito com base na alegação de que a gravação entre o peemedebista e o empresário Joesley Batista foi editado. Porém, pouco após o anúncio de Cármen Lúcia, os advogados do presidente entraram com um novo pedido para que o inquérito contra o peemedebista não seja mais suspenso. Segundo o defensor de Temer, Gustavo Guedes, a defesa se sentiu atendida com o deferimento do pedido para que fosse realizada uma perícia no áudio da conversa entre Temer e Joesley.
Outro fator que colaborou para o alívio no dólar à tarde foi a notícia de que o andamento da reforma trabalhista pode ser mantido no Senado. Em mais uma demonstração de alinhamento com o governo, o presidente do PSDB e da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, Tasso Jereissati (CE), anunciou juntamente com o relator da reforma trabalhista, o tucano Ricardo Ferraço (ES), que o parecer do projeto será lido normalmente na comissão nesta terça-feira, e que o calendário de tramitação da reforma está mantido.
Perto do fim da sessão na B3, o dólar futuro desacelerou ainda mais a alta, após o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmar que a reforma da Previdência deve começar a ser votada entre 5 e 12 de junho no plenário.