O líder do governo no Congresso, senador Romero Jucá (PMDB-RR), disse nesta segunda-feira, 28, que a substituição de Geddel Vieira Lima será decidida “no momento apropriado”. “Por enquanto, há uma equipe na Secretaria de Governo preparada que vai continuar tocando o trabalho. No momento apropriado, o presidente fará a mudança”, afirmou.
Jucá disse ainda que o cargo não é do PMDB. “Não é vaga de ninguém, qualquer cargo de ministro é do presidente da República”. O senador disse que é preciso ter calma e tranquilidade e que “o governo vai continuar funcionando, operando, independente de ter um ministro na Secretaria”.
Questionado se defende que a Secretaria seja extinta e que o presidente Michel Temer assuma um papel de articulador, Jucá disse que o presidente “por ser um político experiente é um homem que toma decisões políticas num governo que ele comanda”. “Ele não será apenas um coordenador político”, afirmou.
Calero
O senador, que também é presidente nacional do PMDB, disse ainda que não sabia que o ex-ministro da Cultura Marcelo Calero – que foi o pivô do episódio que culminou com a saída de Geddel – era filiado ao partido. “Não sei se ele é filiado ao PMDB, soube que ele tinha disputado eleição pelo PSDB”, afirmou.
Diante da afirmação de que o ex-ministro era sim do partido e dos questionamentos de uma eventual punição a Calero, Jucá afirmou que é preciso aguardar os desdobramentos. “Não temos porque tomar nenhuma posição a respeito da função dele por conta da questão partidária. Não é questão partidária que está em jogo”, disse.
Jucá disse ainda que a gravidade do ministro Calero ter gravado um Presidente da República existe independentemente do meio que foi utilizado, mas também ponderou que é preciso aguardar o desenrolar dos fatos para ver se o ex-ministro pode ser punido, já que é um diplomata. O ex-ministro disse que ele e o presidente tiveram três conversas sobre o embargo à obra do empreendimento imobiliário La Vue, em Salvador – projeto em construção onde Geddel é dono de um apartamento.
Sobre a solicitação da Procuradoria-Geral da República à Polícia Federal para ter acesso as gravações, Jucá disse que isso é “extremamente positivo”. “O presidente Michel Temer ontem disse que é importante que a conversa que ele teve, ele gostaria que ficasse tudo claro. Se existe a gravação e fosse possível torná-la pública também seria importante, então não há nenhum tipo de apreensão”, completou.
Impeachment
Jucá disse ainda que o pedido de impeachment de Temer protocolado hoje pelo PSOL “não tem nenhum cabimento”. “Eu acho que é uma ação política”, disse. “Não tem nenhum cabimento jurídico nesse pedido do PSOL, é uma chicana, é uma manobra política, tentando atrapalhar, mas não tem dimensão”, afirmou.
O senador comentou ainda a retomada das manifestações de rua e disse que elas “são legítimas”. “Elas podem ocorrer, em ocorrendo o governo deve levar em conta. É importante aprender e ouvir as manifestações, mas também será levada em conta (…) uma manifestação político-partidária, que é natural da democracia, mas não deve atrapalhar a maioria”, afirmou.