Um brasileiro de 20 anos e estreante na principal categoria de acesso à Fórmula 1 é uma das sensações do automobilismo no momento. O paranaense Felipe Drugovich conquistou na Fórmula 2 duas vitórias e uma pole position por uma equipe considerada intermediária e começa a chamar atenção por um desempenho que nem ele próprio esperava. Com metade da temporada disputada, o piloto está em oitavo na classificação geral.
Nascido em Maringá e descendente de austríacos, Drugovich mora na Itália junto com a mãe e é de uma família com tradição no automobilismo. Três tios dele já disputaram categorias nacionais e quem teve mais destaque foi Osvaldo Drugovich Junior, bicampeão da Fórmula Truck na década de 1990. O jovem piloto começou no kart aos oito anos, acumulou títulos no Brasil e desde 2016 está na Europa. O grande salto na carreira veio neste ano, com a ascensão à Fórmula 2.
"Eu esperava que eu pudesse andar bem e mostrar serviço. Mas isso depende de vários fatores e se equipe está bem. Chegar de cara e ter duas vitórias na primeira metade de campeonato foi uma coisa muito satisfatória e inesperada também", disse o piloto ao Estadão. Drugovich venceu na Áustria e na Espanha. No próximo fim de semana, a Fórmula 2 realiza duas provas na Bélgica, como evento suporte à prova da Fórmula 1.
Drugovich chegou à Fórmula 2 após ter boa participação na Fórmula 4 em 2017 e obter títulos da Euroformula Open e da Fórmula 3 espanhola em 2018. O jovem piloto traçou um caminho diferente do habitual hoje em dia. Em vez de ser filiado a algum projeto de desenvolvimento das escuderias, as chamadas "academias", o brasileiro conseguiu manter uma trajetória independente e tem conseguido chamar a atenção.
Campeão da F-2 em 2018 e atualmente na Williams, o britânico George Russell elogiou o desempenho do paranaense na Espanha. "Fiquei muito impressionado com Drugovich. Não conheço ele muito bem, nem sobre sua trajetória. Sei que ele tem sido bem consistente, mas achei que sua corrida foi muito impressionante", afirmou.
Drugovich disse que após os bons resultados neste ano, alguns contatos tiveram início. "Tem conversas com muitas pessoas (sobre F-1), mas nada confirmado. Se realmente for eu acho que pode ser, será mais um ano na Fórmula 2. Mas isso depende de mim, do financeiro, de oportunidades também. A gente acabou de chegar na metade do campeonato, é muito cedo para pensar", afirmou.
O oitavo colocado na temporada conseguiu 25 pontos a mais do que o companheiro de equipe,o japonês, e corre pela escuderia holandesa MP, considerada intermediária na categoria. Nos dois últimos anos, a MP não passou de um sétimo lugar no campeonato de construtores.
Ele compete na Fórmula 2 ao lado de dois outros brasileiros: Guilherme Samaia e Pedro Piquet, filho do tricampeão mundial Nelson Piquet. O mesmo grid da categoria tem outros sobrenomes conhecidos, todos de filhos de antigos pilotos com passagens marcantes pela F-1: o alemão Mick Schumacher é um deles e o outro o francês Giuliano Alesi, filho de Jean Alesi, piloto com longa carreira na Ferrari.
Sem representantes na Fórmula 1 desde a saída de Felipe Massa, no fim de 2017, os brasileiros da Fórmula 2 torcem para quem sabe encerrarem esse intervalo. Além deles, há outros nomes do País cotados para no futuro serem promovidos. Sérgio Sette Câmara é reserva da Red Bull e Pietro Fittipaldi a mesma função na Haas.
"Dá para ver essa gana do pessoal do Brasil de querer um piloto brasileiro. Isso poderia dar uma pressão aos pilotos, mas tento transformar em algo positivo. Se for para estar na Fórmula 1, é porque eu tenho capacidade. Prefiro pensar isso como um apoio", afirmou Drugovich.