Em meio à pandemia de coronavírus e com parte da atenção voltada para a imunização contra a covid-19, a campanha nacional de vacinação contra o vírus influenza, da gripe, começará no dia 12 de abril por meio do Sistema único de Saúde (SUS). A meta do Ministério da Saúde é imunizar 79,7 milhões de pessoas que fazem parte dos grupos prioritários até 9 de julho.
Na rede privada, a vacina já está disponível desde o fim de março em grande parte das clínicas de vacinação, de acordo com a Associação Brasileira das Clínicas de Vacina (ABCVAC). A aplicação é oferecida a todos a partir dos seis meses de vida, se não houver contraindicações médicas. Já o cronograma do Sistema Único de Saúde (SUS) será composto por três etapas.
Veja abaixo perguntas e respostas sobre a campanha:
<b>Quem já pode receber a vacina contra a gripe?</b>
Crianças entre seis meses a seis anos, gestantes, puérperas, população indígena e trabalhadores da saúde serão os primeiros a serem vacinados.
A partir do dia 11 de maio, será a vez dos idosos acima de 60 e professores.
Em 9 de junho, a vacina será aplicada em pessoas com comorbidades e deficiência, caminhoneiros, trabalhadores portuários e de transporte coletivo, profissionais das forças armadas, de segurança e salvamento, população privada de liberdade e jovens sob medidas socioeducativas.
<b>Por que devo ser vacinado contra a gripe?</b>
No momento em que o sistema de saúde sofre pressão pela alta demanda de casos de covid e síndrome aguda respiratória, a vacinação contra a gripe é recomendada por especialistas para evitar o aumento no número de hospitalizações.
Ao tomar a vacina, você evita complicações de uma gripe e a chance de idas e vindas a hospitais, em um momento que o sistema de saúde está sobrecarregado e a força de trabalho, saturada.
"Imagina que já começamos a estação com hospitais lotados, se eles ainda tiverem que lidar com mais casos de internação (por complicações da gripe) vai ser ainda mais complicado", diz Geraldo Barbosa, presidente da Associação Brasileira de Clínicas de Vacinas (Abcvac).
<b>Onde posso receber a vacina contra a gripe?</b>
No Estado de São Paulo, mais de 4 mil postos de vacinação fixos e volantes do SUS estarão preparados para aplicar as doses contra a gripe nos grupos prioritários e conduzir, simultaneamente, a campanha contra a covid-9.
Na capital paulista, 468 escolas e unidades de educação estarão abertas exclusivamente para a aplicação da vacina contra a influenza, com a devida sinalização. Paralelamente, os grupos prioritários também poderão atualizar a caderneta de vacinação para a poliomielite, sarampo, febre amarela, rotavírus e a imunização pentavalente (tétano, difteria, hepatite b, coqueluche e meningite).
<b>É seguro ir ao posto tomar vacina contra a gripe em meio à pandemia de covid?</b>
É importante salientar que a vacinação contra a gripe deve ocorrer em sala distinta da usada para a imunização contra o coronavírus. As regras de distanciamento e higienização devem ser respeitadas.
"É preciso ter mais locais de vacinação, como tendas e estruturas para que não haja aglomeração, distanciamento bem estabelecido, profissionais muito informados em relação a isso", diz Mônica Levi, médica e diretora da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm).
"É recomendado também que se marque no chão o distanciamento entre as pessoas para aguardar a vacinação, com cadeiras distantes e aguardar nos espaços externos para que se respeite um distanciamento mínimo de 1,5 metro, além de álcool em gel e locais com água e sabão para higienização das pessoas."
<b>Posso tomar a vacina da gripe com a vacina contra a covid?</b>
A vacinação contra a covid deve ser priorizada. Quem tomou o imunizante contra o coronavírus deve esperar pelo menos 14 dias para receber a dose contra o influenza.
Mônica Levi recomenda que a vacinação contra a covid-19 seja separada por duas semanas de qualquer outra vacina. "Não é nada especificamente relacionado à vacina da gripe, é porque nenhuma das vacinas contra a covid foram estudadas e aplicadas simultaneamente com qualquer outra vacina, então a gente não pode dizer que não há interação ou aumento da probabilidade de algum efeito adverso".
"E é importante atentar, como são duas doses de vacina (da covid), para aqueles que receberam a Coronavac e vão ter a segunda dose marcada daqui a 3 ou 4 semanas, que a pessoa não está livre para tomar a da gripe a qualquer momento, pois a gente tem que considerar a data agendada da segunda dose para manter esse intervalo. Não é só da primeira, é de qualquer dose. Então, se houver sobreposição do período de vacinação contra a gripe para os idosos, deve-se priorizar a da covid, respeitando sempre o intervalo de duas semanas para qualquer dose e não atrasar a vacinação contra a covid", afirma.
<b>Posso tomar a vacina contra a gripe se estiver com covid?</b>
Pessoas que estão com covid ou que contraíram a doença há menos de 28 dias devem adiar a vacinação contra a influenza.
As equipes de saúde estão orientadas a fazer uma triagem para identificar paciente com sintomas respiratórios, como tosse, coriza e falta de ar. Quem apresentar apenas tosse ou coriza poderá ser vacinado, com a orientação de procurar um serviço de saúde. O imunizante não deverá ser aplicado em pessoas com febre ou quadro geral de mal-estar.
<b>Há contraindicação para a vacina da gripe?</b>
Segundo Mônica, a vacina da gripe não deve ser aplicada em quem já apresentou algum episódio de hipersensibilidade grave a algum dos componentes da vacina ou a uma dose anterior: "Pessoas que tenham reações anafiláticas também não devem receber doses posteriores".
Por essa razão, o esquema de vigilância de efeitos adversos deve ser rígido e o intervalo de aplicação de diferentes imunizantes, obedecido. "Se a pessoa tomar alguma outra vacina junto com a contra a covid e tiver algum evento adverso mais grave, não será possível saber a qual vacina atribuir. Por isso é recomendado mundialmente que as vacinas contra a covid não sejam administradas simultaneamente com qualquer outro imunizante. No Brasil, o Ministério da Saúde determinou 14 dias de intervalo", explica.
<b>Quantas pessoas serão vacinadas contra a gripe?</b>
A meta do Ministério da Saúde é imunizar 79,7 milhões de pessoas que fazem parte dos grupos prioritários até 9 de julho. No setor privado, a expectativa da Abcvac é que as clínicas imunizem cerca de 10% da meta estabelecida pelo Plano Nacional de Imunização (PNI) – cerca de 8 milhões de pessoas.
<b>As vacinas contra a gripe oferecidas pela rede pública e privada são iguais?</b>
As vacinas oferecidas pela rede privada são tetravalentes, ou seja, protegem contra quatro subtipos do vírus influenza: dois subtipos A e dois subtipos B. Já o imunizante contra a gripe oferecido pelo Ministério da Saúde, é trivalente, produzida pelo Instituto Butantan.
<b>A vacina da gripe é aplicada em diferentes doses?</b>
Não. A vacina da gripe deve ser aplicada uma vez ao ano, já que o vírus influenza sofre constantes mutações, e apenas em uma dose.
<b>Onde encontro a vacina contra a gripe na rede particular?</b>
O Grupo DPSP, das Drogarias Pacheco e Drogaria São Paulo, antecipou a campanha de vacinação contra os vírus causadores da gripe. A empresa afirma que os imunizantes podem ser encontrados em 25 lojas das redes em São Paulo e no Rio de Janeiro. Além disso, oferecerá o serviço para empresas e condomínios, com condições especiais para vacinação de grupos e equipe de farmacêuticos que poderão se deslocar até o local.
"É fundamental que a população se mantenha imunizada contra os vírus causadores das gripes comuns, o que se mostrou ao longo de 2020 uma ferramenta importante no apoio ao diagnóstico mais ágil de covid-19", afirma Maria Lemos, gerente de serviços e operações de saúde do grupo. De acordo com a empresa, a vacina custa a partir de R$ 99 para clientes do programa de relacionamento.
Já a clínica Prophylaxis, de Curitiba, aposta na vacinação domiciliar. "A nossa clínica é especializada na vacinação em domicílio e em condomínios. Para estimular e dar maior praticidade aos nossos clientes, trabalhamos com valores diferenciados no atendimento aos condomínios, com modelos de drive-thru, aplicação nos apartamentos ou em espaços adequados para prática da vacinação do condomínio", diz Naiara Vilhena, proprietária da Prophylaxis na capital paranaense.
A Lello Condomínios, que atua em SP, registrou pelo menos duas iniciativas por parte de moradores para vacinação em grupo contra a gripe. O primeiro, localizado na Vila Leopoldina, na capital paulista, vacinou 370 moradores e 28 colaboradores – assumindo o custo para vacinar os funcionários, entre cerca de 350 apartamentos. E, em Osasco, outro residencial da rede vacinou 60 pessoas de um total de aproximadamente 400 apartamentos.
No condomínio Park Avenue, em Higienópolis, na capital paulista, uma iniciativa de moradores realizada há cinco anos foi intensificada em 2021 pelo intervalo de vacinação necessário entre a vacina da covid e outras vacinas. "As pessoas gostam, pois é muito confortável, ainda mais com o problema da pandemia, fizemos ao ar livre, sem aglomeração, com todos os protocolos de segurança", diz Sylvia Regina Pacheco, moradora do local e organizadora do projeto.
Sylvia ainda ressalta que a vacinação em grupo se torna mais vantajosa financeiramente. "Com esta empresa que nos prestou serviço, a clínica Imunobaby Vacinas, na aplicação para mais de 30 pessoas é possível economizar no preço da dose. Neste ano pagamos R$ 85, no Einstein a vacina estava por R$ 200, então é uma diferença muito generosa, vale a pena, o que é mais um incentivo para que as pessoas aproveitem e se vacinem nesta ação que realizamos anualmente."