A cada dia que passa, um dos desejos mais frequentes das pessoas das classes C e D é adquirir um plano de saúde privado que lhe permita um melhor atendimento, já que o descontentamento com o atendimento público é uma constante. Diversas pesquisas e a própria percepção da sociedade revelam que o SUS é um serviço deficiente. Pelo menos em 300 municípios brasileiros não existe um médico sequer. Em Guarulhos, os problemas somente crescem, com a perspectiva de fechamento do Hospital Stella Maris, ainda um referência no atendimento à população. Não há dúvidas de que o SUS nasceu para ser programa universal mas, na prática, acaba significando a exclusão de muitos ao direito básico com dignidade.
O Brasil gasta 8% de seu PIB com Saúde. Deste percentual, 3,4% é destinado para a saúde pública. Porém, nem tudo são espinhos. Há saídas inteligentes mas que nem sempre se traduzem em um melhor atendimento à população. O Ministério da Saúde estabeleceu, por exemplo, a compra centralizada do medicamento Glivec, para tratamento de câncer. O objetivo foi reduzir o custo da quimioterapia no SUS e aumentar o acesso da população brasileira a esse tratamento. O acordo com o laboratório fornecedor permitiu uma redução de 50% no valor do medicamento.
Segundo o Ministro da Saúde, entre os 45 milhões de usuários da saúde privada há 90% de procedimentos de alta complexidade são realizados pelo SUS, pela ausência de cobertura. Medicamentos caríssimos prescritos na saúde privada são oferecidos pelo SUS, normalmente após a provocação do Poder Judiciário. Outro índice interessante: do número total de leitos oferecidos pelo SUS, contabiliza-se que 51% sejam usados pelo setor privado, contratados sem regulamentação.
Entretanto, essas distorções levam o SUS a não oferecer o número de leitos necessários para a demanda. Também, há muitos casos em que não possui o equipamento para um exame ou os equipamentos existentes encontram-se sem manutenção. Restará ao sistema a locação desses recursos da rede privada, que acabam pagos com recursos da saúde pública. Não é difícil concluir que falta uma gestão mais eficiente. Ou seja, torna-se urgente que a administração da saúde pública no país, e em nossa cidade, passe às mãos de pessoas capacitadas para tanto. Quem está aí, demonstra não ser do ramo.