Suspeito de envolvimento na morte de Jeff Machado, o produtor de TV Bruno de Souza Rodrigues, de 37 anos, negar ter assassinado o autor. Em entrevista ao jornalista Roberto Cabrini e veiculada pelo programa <i>Domingo Espetacular</i>, da <i>Record TV</i>, no domingo, 4, disse que em hipótese alguma mataria o ator. Rodrigues é considerado foragido da Justiça.
No dia anterior à exibição, no sábado, 3, o Disque Denúncia do Rio de Janeiro divulgou um cartaz para obter informações que levem à prisão de Rodrigues, procurado pela polícia por homicídio e ocultação do cadáver. Jeander Vinícius da Silva Braga, de 29, outro acusado de envolvimento na morte de Machado, foi preso na sexta-feira, 2.
"Você quer saber se eu planejaria uma morte tão cruel como essa? A minha resposta é não. Nunca, em hipótese alguma", afirmou Rodrigues em entrevista exclusiva concedida ao jornalista por telefone.
"Eu não matei o Jefferson e nem mataria. Nem ele, nem uma outra pessoa. Em hipótese alguma. Em momento algum", disse ao jornalista, insistindo na sua inocência.
Em carta apresentada à polícia e que foi divulgada pela reportagem, Rodrigues relata os fatos, conforme sua versão. "Eu me chamo Bruno de Souza Rodrigues e hoje é 11 de maio de 2023. Presto este depoimento para esclarecer os fatos. No dia 23 de janeiro de 2023, nós marcamos a gravação de um vídeo."
No texto, Rodrigues coloca mais uma pessoa na cena do crime, além dele, Braga, e Jeff Machado. "Jefferson chamou o contatinho dele, com quem ele estava ficando na época, que era um rapaz chamado Marcelo."
O advogado de Rodrigues, João Maia, também foi entrevistado por Cabrini na sexta-feira, dia em que Braga foi preso pela polícia. Após a prisão, Braga mudou a versão apresentada anteriormente, desmentindo a história contada por Rodrigues, enquanto o advogado reforça a versão do seu cliente de que uma pessoa chamada Marcelo teria sido responsável pela morte de Machado. Para a polícia, este homem não existe. Ou seja, foi um personagem criado por Rodrigues.
"Foi marcado por ele e pelo Jefferson um encontro de uma gravação de relações sexuais. E naquela oportunidade, o Jefferson convidou uma pessoa, com quem ele já tinha relação, de nome Marcelo. E o Bruno convidou o garoto de programa (Braga), que já era desta relação deles", afirmou o advogado.
Ainda na carta entregue à polícia, Rodrigues disse que após a gravação, ele desceu para beber água. Segundo ele, seria o exato momento em que ocorreu o crime. "Dado momento, o Marcelo e o Vinícius descem com o Jefferson aparentemente desacordado. Imediatamente, o Bruno percebe que o Jefferson já estava morto e o Marcelo começa a determinar e dar ordens. Muito agressivo e muito nervoso", disse o advogado.
"Foi o Vinícius que me contou que o Marcelo deu um mata-leão. Marcelo estava agressivo. Dando ordens. Dizendo que era para fazer coisas, senão ele faria o mesmo com o Vinícius e comigo", disse Rodrigues na carta.
Ainda de acordo com o advogado, a motivação do crime praticado por Marcelo, segundo seu cliente, seria a possível transmissão de HIV em razão dos atos sexuais praticados sem preservativo. "Dizendo que o Jefferson era portador de HIV", alegou ainda.
Na carta, Rodrigues também afirma ainda que Marcelo determinou que o baú fosse esvaziado e o corpo de Machado fosse enterrado. "No mesmo dia, Marcelo também determinou que os cachorros de Jefferson fossem retirados da casa dele."
Conforme as investigações, os fatos se contradizem. Em um dos momentos Rodrigues alegou que Braga era vizinho do Marcelo . O garoto de programa confirmou, mas não soube dar o endereço do suposto homem que também teria participado do crime. Braga também disse posteriormente que recebeu R$ 500 para prestar declarações à polícia, confirmando a versão apresentada por Rodrigues de que o crime teria sido praticado por uma pessoa chamada Marcelo.
Ainda segundo a reportagem, Braga disse também à polícia que Rodrigues preparou um suco e colocou uma substância na bebida, deixando Jeff Machado entorpecido. Em seguida, eles sobem para o quarto, no momento em que Rodrigues estrangula o ator com um fio de telefone.
Rodrigues e Braga foram indiciados pela Polícia Civil do Rio de Janeiro por homicídio triplamente qualificado e ocultação de cadáver. De acordo com o pedido de prisão assinado pelo promotor de justiça Sauvei Lai, o crime foi premeditado por Rodrigues, com auxílio de Braga.
"Eu não acredito que o Bruno vá mudar a versão dele", disse ainda o advogado dele. João Maia disse ainda que Rodrigues foi orientado a confessar o crime de ocultação de cadáver. "Nós percebemos que realmente era o caso do Bruno confessar o crime que ele praticou, que foi a ocultação de cadáver."
Ainda conforme áudios divulgados pela reportagem mostrando conversas de Jeff Machado com familiares, nota-se que ele estava preocupado com a sua situação financeira. "Estou preocupado, estou chateado, estou envelhecendo, não tenho vontade de fazer nada", disse o ator, na ocasião.
Para a mãe, Maria das Dores, ele demonstrou ainda estar chateado com as promessas feitas por Rodrigues para atuar em uma novela da Rede Globo. "Se a minha reunião é terça-feira, dia 17 para eu ir lá, mas ele não confirmou, não pegou a placa do meu carro para eu entrar, nada, nada, nada. Ou seja, provavelmente não vai ser dia 17. Vou passar um aniversário de ****, de novo. Estou pensando em dar um gelo, sabe, no Bruno. Estou bem chateado", comentou. Machado pagou ao menos R$ 30 mil a Rodrigues.
"Os responsáveis pela morte do meu filho, eles sabem, eles planejaram tudo na inocência do Jefferson" disse a mãe do ator também na reportagem da Record TV.